
Um passeio no Museu do Futebol (mais de 820 mil visitantes) é um programa muito interessante para torcedores de todas as idades, bandeiras e estados. Já entrou até nos pacotes de turismo cultural por São Paulo.
O museu está acima de clubismos e bairrismos. Um clube da série C tem ficha do mesmo tamanho dos grandes campeões nacionais. Pode ser lembrado de igual para igual na primeira sala, Na Grande Área – que lembra visual de bar temático. Destaque para os jogos interativos (motivos de alegria da criançada e muita fila), tributos a Pelé, Garrincha e Copas do Mundo. Confira algumas lembranças de minhas muitas visitas.
Gylmar (ou Taffarel), Djalma Santos, Carlos Alberto Torres, Nilton Santos, Roberto Carlos; Falcão, Didi e Zizinho; Garrincha, Pelé e Ronaldo. Ou que tal um meio com Gérson (Zico), Sócrates e Rivellino (Zagallo)? E um ataque com Romário, Tostão e Rivaldo? Esse timaço virtual joga na sala Anjos Barrocos, do Museu do Futebol. Ainda conta com Ronaldinho Gaúcho, Bebeto, Jairzinho, Julinho Botelho e Vavá.
Outra sala que emociona é a dos Gols. Depoimentos de craques da mídia sobre seus lances favoritos. E narrações de clássicos do rádio esportivo brasileiro. Osmar Santos, o Pai da Matéria, esmerilha num gol de Jorge Mendonça, o “Jojô Beleza”. Mesmo que você não seja palmeirense, não tem como não se arrepiar. Grande Osmar. Grande Jorge Mendonça!
Nessa sala dos gols, ouvi a narração do primeiro gol de bicicleta do Diamante Negro no futebol paulista. Foi no terceiro jogo de Leônidas pelo São Paulo, em 14 de junho de 1942. Vitória por 2×1 do Palestra Itália, que ainda durante aquele campeonato mudaria de nome para Palmeiras (e seria campeão). Aos 44 do primeiro tempo, Leônidas fez o gol tricolor no Pacaembu, para explosão de alegria do locutor Geraldo José de Almeida, da rádio Record: “o bonde… o bonde de 200 contos fez um gol de bicicleta“.
Bonde de 220 contos? Aqui é necessário abrir um parêntese. O sensacional livro do André Ribeiro, O Diamante Eterno, registra que alguns dias antes da estreia de Leônidas, o jornal “A Hora” manchetou: “São Paulo compra Bonde de 200 contos”. O livro do André Ribeiro explica que os redatores do tablóide “A Hora” usaram a palavra “bonde”, que na época significava mau negócio, para rotular o artilheiro da Copa de 38. Leônidas chegou ao São Paulo com 29 anos, por 200 contos, depois de problemas na relação com o Flamengo. O tal “bonde de 200 anos” seria cinco vezes campeão paulista nos anos 40. Marcou 140 gols em 211 jogos pelo São Paulo. Para um “bonde”, está ótimo, não?

Ouvir o refrão da torcida do seu time bem na hora que você passa pela sala Exaltação é de arrepiar Vai com fé, que torcidas de grandes clubes de vários estados são lembradas nesse espaço, bem debaixo de arquibancada do Pacaembu. O próximo passo é a a sala Origens. Fotos de Charles Miller até 1930. Muitas do Rio de Janeiro.
Heróis da música, literatura, pintura, poesia etc também são lembrados no Museu do Futebol. Uma soturna sala sobre a derrota da Seleção em 1950 antecede a sala das Copas do Mundo. 58, 62, 70, 94 e 2002 estão nos monitores, bem como as que perdemos. Futebol sempre no contexto dos acontecimentos do mundo. A criançada ainda vai se divertir com a sala dos números e curiosidades e com o Jogo de Corpo.

Vale lembrar mais uma vez que o Museu não abre às segundas e tem horários diferentes em dias de jogos no Pacaembu. Consulte a agenda no site.
O ingresso mais caro custa seis reais – às quintas, é de graça. Horário: das 10h às 17h, de terça a domingo (fecha em dias de jogo no Pacamebu).
Entrando até 5 da tarde, pode permanecer no local até 18h. Como sempre acontece nos museus, depois que você sai é tentado a comprar lembrancinhas na lojinha… no caso, uma megaloja da Roxos e Doentes. Entre no site do Museu do Futebol.
Leia também:
Parabéns, é a melhor descrição do Museu do Futebol que conheço.
Gentileza sua, seu Domingos.
Tive a ideia de compilar meus posts sobre o Museu do Futebol depois de conversar com um amigo meu. Ele disse que mesmo a esposa – que não liga pra futebol – curtiu a visita. Quanto mais a criançada.
E aí coincidiu com o aniversário do Museu. Que é uma beleza mesmo e motivo de orgulho para nós, fãs de futebol. O Pacaembu não pode ser abandonado. Abraços!