O quinto beatle e o pai do Guardiola

Cartaz espanhol do filme de David Trueba
Cartaz espanhol do filme de David Trueba

Um professor usa as letras dos Beatles para ensinar inglês em Albacete, na Espanha, em 1966 – portanto, um país governado com mãos de ferro pelo general Francisco Franco. Antonio San Román (o ótimo Javier Cámara) fica sabendo que seu ídolo John Lennon está em Almería, no sul do país, rodando o filme “Como Eu Ganhei a Guerra”, de Richard Lester, o mesmo diretor de “Os Reis do Iê-Ie-Iê (título brasileiro de “A Hard Days Night”) e “Help”. O professor beatlemaníaco quer porque quer falar com Lennon. Cai na estrada e vai dando carona, primeiro para Belén (Natalia de Molina, esplendorosa), depois Juanjo (Francesc Colomer, de “Noite de Verão em Barcelona“, em cartaz em São Paulo), dois jovens que (como todos) querem tomar as suas próprias decisões. E isso, na Espanha franquista. “Viver É Fácil com os Olhos Fechados”de 2013, é um belíssimo road movie do espanhol David Trueba em homenagem a John Lennon e certamente a algum professor. Um filme delicado, que fala sutilmente de uma ditadura e inspira a busca pela realização dos sonhos de cada um. De quebra, tem a estreia do pai do técnico Guardiola no cinema. Isso mesmo. Trueba é muito amigo de Pep. Convidou o pai dele, Valentí Guardiola, para uma ponta em “Viver É Facíl…”. Preste atenção na primeira cena na casa da família de Juanjo. Seu Guardiola vive o senhor catalão, o barbeiro que visita a família para cortar o cabelo do pessoal.
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Bora! “Bahêa Minha Vida” na mostra Cinefoot, do Canal Brasil.

Bora! “Bahêa Minha Vida” na mostra Cinefoot, do Canal Brasil.

A segunda escala da mostra Cinefoot na TV a cabo é na Bahia, mais exatamente no lado tricolor da boa terra. O filme Bahêa Minha Vida passa daqui a pouco, às 22h, no Canal Brasil (canal 150 da Net, 650 da Net HD, 55 da SKY, 67 da Claro, 66 da Oi e Via Cabo, canal 103 da GVT , 806 da Vivo TV DTH e canal 656 da Vivo IPTV). Reprise na terça-feira, dia 18, às 13h30. O filme sobre o Esporte Clube Bahia e o seu apaixonado torcedor é o segundo documentário brasileiro sobre futebol mais visto nos cinemas, com 70 mil espectadores – só perdeu para “Pelé Eterno”, informa Antonio Leal, do Cinefoot.


Confira toda a programação da mostra Cinefoot no post anterior e abaixo, trailer e os pitacos do FutPopClube depois de ver o filme em DVD. Continuar lendo “Bora! “Bahêa Minha Vida” na mostra Cinefoot, do Canal Brasil.”

De outubro a dezembro, Mostra CINEfoot no CanalBrasil.

De outubro a dezembro, Mostra CINEfoot no CanalBrasil.

Pela galeria de cartazes acima, já dá para ter uma bela noção da abrangência da Mostra Cinefoot, um festival de filmes brasileiros (e uma coprodução com o Uruguai) sobre futebol, que o Canal Brasil exibe às sextas-feiras, de 7 de outubro a 30 de dezembro, sempre às 22h – reprises às terças, 13h30. A curadoria é do festival Cinefoot e a apresentação, do Raí. Está muito boa a seleção: do clássico “Garrincha, Alegria do Povo”, de Joaquim Pedro de Andrade, aos documentários mais recentes sobre torcedores e conquistas do Galo… do Paysandu… do Bahia… e os premiados “Geraldinos” e “O Futebol”. O Maracanã está presente nos docs “Fla x Flu – 40 Minutos Antes do Nada”, “Mario Filho – O Criador das Multidões” e um sobre o Maracanazo, “Maracaná – La Película”. Já “Campo de Jogo” (de Eryk Rocha, filho de Glauber Rocha) é sobre o oposto do novo Maraca: o futebol amador, dos campinhos de terra, das favelas. Tem ficção e da boa também: o primeiro dos “Boleiros” de Ugo Giorgetti e uma chance para ver o interessante “Meninos de Kichute”, que infelizmente passou meio batido por aí. Outro filme raro é o doc “Passe de Livre”, de Oswaldo Caldeira. O Canal Brasil está é o 150 da Net, 650 da Net HD, 55 da SKY, 67 da Claro, 66 da Oi e Via Cabo, canal 103 da GVT , 806 da Vivo TV DTH e canal 656 da Vivo IPTV.

  • Paysandú – 100 Anos de Payxão (2015) (92’) . A mostra Cinefoot no Canal Brasil começa muito bem, na sexta 7 de outubro, com “Paysandu, 100 Anos de Payxão. O filme de Gustavo Godinho e Marco André encerrou a seleção paulista do CINEfoot 2015, fora de concurso. Foi uma festa incrível da torcida bicolor no saguão do Espaço Itaú de Cinema. Durante a sessão, os gols de ídolos como Vélber, Robgol e Iarley foram comemorados quase que como se a galera estivesse na Curuzú ou no Mangueirão. Os clássicos, as decisões, as partidas mais emocionantes, a conquista da Copa dos Campeões contra o Cruzeiro, em 2002 e a bela campanha na Libertadores 2003 são alguns dos destaques do doc que prova a força do futebol no Brasil fora do Sudeste, Sul e Nordeste.
  • Bahêa Minha Vida – O Filme (2011) (100’).  Direção: Márcio Cavalcanti. É uma ópera-pop sobre a paixão do torcedor de futebol, de modo geral, e em especial, do torcedor do Bahia… Bahêa! É um filme muito musical, e vindo de Salvador não poderia ser diferente. Despertam atenção e emoção os cinematográficos clips – vários – presentes no documentário, do hino oficial do Bahia, da música “O Campeão dos Campeões”, da adaptação do sucesso dos Mamonas Assassinas que outras torcidas cantam, com outras letras, dos gritos de guerra da massa tricolor. Armandinho (de A Cor da Som, do trio elétrico) arrebenta, tocando o hino do Tricolor de Aço na guitarra baiana. É também um filme de imagens impressionantes: arquivo da primeira Taça Brasil (Bahia campeão em cima do Santos), em 1959, o reencontro dos heróis, Fonte Nova com 110 mil pessoas na reta final do Brasileirão de 1988, um Ba-Vi com 97 mil pagantes, a invasão e a tragédia no dia do acesso à Série B, a implosão do estádio para a reforma, os torcedores de mãos dadas rezando Pai-Nosso, depois que um jogador contou a imagem de um sonho. Um filme de torcedores, sobre torcedores, para torcedores. Documentário nacional mais visto em 2011. Prêmio: Taça Cinefoot de melhor longa no júri popular, em 2012. Passa em 14 de outubro de 2016, no Canal Brasil, às 22h.
  • Boleiros – Era Uma vez o Futebol (1998) (98′). Direção: Ugo Giorgetti. Não tem como não se lembrar do juiz encarnado por Otávio Augusto quando um árbitro da vida real mandar voltar pênalti até o cobrador acertar… Lima Duarte faz  técnico linha dura na concentração… parece uma mistura de Telê com Felipão… Giorgetti costura com maestria episódios sobre ex-craque na pior, menino dividido entre futebol e crime, macumba como salvação de joelho de jogador… E o elenco é maravilhoso: além de Otávio Agusto e Lima Duarte, Rogério Cardoso, Cássio Gabus Mendes, Adriano Stuart, Flávio Migliaccio, Marisa Orth, Denise Fraga! Prêmios: melhor direção no Festival Internacional de Amiens (França) e troféu APCA de melhor roteiro. Sexta, 21 de outubro, às 22h. Também pode ser comprado ou alugado no You Tube.
  • Campo de Jogo (2014) (70’). Direção: Eryk Rocha. Poucas vezes a gorduchinha foi tão bem tratada pelas câmeras do cinema como a final de campeonato anual de favelas, entre o Esporte Clube Juventude e o Geração Futebol Clube, neste “Campo de Jogo”.  O tratamento a times amadores como Juventude e Geração, seus jogadores, seus técnicos e seus torcedores é semelhante ao que as lentes do Canal 100 davam ao futebol campeão do mundo. “Campo de Jogo” tem 71 minutos sem narração, sem voz em off, sem entrevistas. Só um balé de imagens (preste atenção na cena do juiz cercado), outro show de captação de som ambiente  e ótima trilha sonora. Passa em 28 de outubro, às 10 da noite, na mostra do Cinefoot no Canal Brasil.

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1976. O ano em que um bando de loucos invadiu o Maracanã.

Publicado em setembro de 2016

Poster do filme “1976 – O Ano da Invasão Corinthiana”

Dezembro de 1976. Fluminense e Corinthians decidiram uma vaga na final do Campeonato Brasileiro no Maracanã. De avião, de ônibus, de moto, de kombis, de tudo quanto é jeito… milhares de corintianos foram ao Rio para ver a semifinal. Diz a lenda que 70.000 fiéis estavam no Maracanã, que recebeu 146 mil pessoas naquela tarde de domingo. O Flu (bicampeão carioca) tinha um timaço, apelidado de Máquina Tricolor. Era uma seleção… Renato, Edinho, Carlos Alberto Torres, Rodrigues Neto, Carlos Alberto Pintinho, Gil, Dirceu e o camisa 10, justamente o ex-corintiano Rivellino – e o treinador Mário Travaglini contava também com o argentino Doval. O Corinthians do técnico Duque tinha um time de guerreiros (Tobias, Superzé, o xerife Moisés, Zé Eduardo, Wladimir, Ruço, Givanildo – Basílio entrou no decorrer-, Vaguinho, Neca, Geraldão, Romeu). Tricolores e alvinegros empataram no tempo normal: 1 a 1 (gols de Pintinho e Ruço). A vaga para a grande final foi decidida nos pênaltis. E aí, deu 4 a 1 para o Corinthians. Na decisão, no Beira-Rio, o mosqueteiro não segurou o Inter de Minelli e Falcão, que se tornou bicampeão brasileiro. Mas o fim do jejum estava próximo.

Quarenta anos depois, a saga do bando de loucos que invadiu o Rio e o Maraca virou documentário: “1976 – O Ano da Invasão Corinthiana, dirigido por Ricardo Aidar e Alexandre Boechat, para a Canal Azul Filmes, que tem lançado e (vai lançar mais) filmes sobre futebol. Estreia nesta quarta, 29 de setembro, em Sampa, Campinas e São José do Rio Preto. Veja o trailer, cinemas e horários dentro do post. Continuar lendo “1976. O ano em que um bando de loucos invadiu o Maracanã.”

O Palmeiras, com todo o cartaz.

Poster do filme "Palmeiras - O Campeão do Século". Estreia: 22 de setembro de 2016.
Poster do filme “Palmeiras – O Campeão do Século”. Estreia: 22 de setembro de 2016.

O Palmeiras está com o maior cartaz. Não só lá no alto do Brasileirão 2016, como em cinemas de Sampa, São Bernardo, Ribeirão e Jundiaí, a partir desta quinta, 22 de setembro. “Palmeiras – O Campeão do Século”, o segundo filme do jornalista Mauro Beting, dirigido a quatro mãos com Kim Teixeira (produtor executivo da estreia de Beting, 12 de Junho de 1993), conta os 102 anos de história do alviverde, da fundação como Palestra Itália e o primeiro título paulista ao último pênalti da Copa do Brasil 2015, passando é claro pela Copa Rio 1951 (o mundial do Verdão), o fim do jejum e a Libertadores de 99. É mais uma produção sobre futebol da Canal Azul (o próprio  12 de Junho de 1993100 Anos de Seleção Brasileira e vários filmes sobre outros times)

Confira o trailer:

A partir de 22 de setembro de 2016 nos cinemas:

  • Espaço Itaú Pompeia – Shopping Bourbon
  • Cinépolis – São Bernardo Plaza Shopping
  • Cinépolis – Iguatemi Ribeirão Preto
  • Cinépolis – Jundiaí Shopping

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“Miller & Fried – As Origens do País do Futebol”

wp-1468888470167.jpg Para quem se interessa pelo futebol brasileiro, em especial o paulista, o filme “Miller & Fried – As Origens do País do Futebol”, de Luiz Ferraz, chega a ser emocionante. O 7 a 1 na Copa de 2014 está muito fresco na memória. Ver um precioso arquivo da goleada de 7 a 2 do Paulistano comandado pelo artilheiro Friedenreich sobre a seleção francesa, durante uma bem sucedida excursão à Europa, em 1925, é de encher os olhos! Fried também estava na seleção que conquistou o primeiro grande título, o Sul-Americano de 1919, num lotadíssimo estádio das Laranjeiras (é a imagem de capa do teaser abaixo).

O gol desse título, na segunda prorrogação, teve participação de um corintiano, de um palmeirense e do craque do Paulistano (que depois jogaria no chamado São Paulo da Floresta, precursor do atual tricolor paulista). O material iconográfico da decisão já valeria o ingresso do cinema.

Se Fried foi o primeiro grande ídolo da seleção, Charles Miller também foi artilheiro. O garoto da elite paulista que trouxe bola e as regras da Inglaterra para Sampa do final do século XIX cansou de ganhar títulos estaduais com o SPAC (São Paulo Athletic).

Os depoimentos do neto de Charles Miller, Carlos Miller Neto e dos biógrafos de Miller (John Mills) e de Friedenreich (Luiz Carlos Duarte e as intervenções dos tresloucados PVC, Celso Unzelte e Marcelo Duarte garantem o interesse do futbolero pelo filme de Luiz Ferraz, que tem cerca de uma hora de duração, uma boa trilha sonora e bem filmadas cenas de futebol de várzea.

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Estreia: “Adeus, Geral”

24 de junho de 2016
12698321_188384471523701_1161179329552442490_oOlha aí, tem estreia neste glorioso 24 de junho um documentário sobre a elitização do futebol. Adeus, Geral” foi feito por 5 alunos do ensino médio – Gustavo Altman, Martina Alzugaray, Matheus Bosco, Pedro Arakaki e Pedro Junqueira. Para expor as vantagens e desvantagens do processo de modernização do futebol, eles conversaram com ex-jogadores (Alex), técnicos (Tite), cartolas (Paulo Nobre) jornalistas (Juca, Mauro) e torcedores (Jovem, Independente). “Adeus, Geral” tem apoio e imagens do blog “Futebol de Campo”, um dos favoritos da casa e parceirão.

Vão ser duas sessões, uma às 20 e outra às 21h, no MIS – Museu da Imagem e do Som. E a produção recomenda chegar com uma hora de antecedência para conseguir pegar convite.

https://www.facebook.com/plugins/video.php?href=https%3A%2F%2Fwww.facebook.com%2Fadeusgeral%2Fvideos%2F234558696906278%2F&show_text=1&width=560

“O Futebol”.

Estreou neste 21 de abril nos cinemas o belo filme de Sergio Oksman, vencedor dos prêmios de Melhor Longa e o da Crítica no recente festival É Tudo Verdade, só de documentários.

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Cartaz do filme “O Futebol”, de Sergio Oksman

Pena que o título “O Futebol” vá espantar aquela parte do público que torce o nariz pra futebol na TV, no rádio, quanto mais nos cinemas.

Porque não é um filme sobre futebol ou sobre o Mundial de 2014, no Brasil. O futebol é um pano de fundo importante, na distante relação entre Sergio, que mora na Espanha, e o pai, Simão, no Brasil. Um alviverde daqueles capazes de lembrar a escalação de parte do Palmeiras de 1979. De quem fez os gols da vitória num dérbi, e como.

É um filme sobre a vida.

Em que nem tudo acontece como a gente imaginou.

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Seleção do Cinefoot 7, que começa em maio no Rio.

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http://www.cinefoot.org/

Cinco longas brasileiros e sete estrangeiros foram selecionados para a Mostra Internacional Competitiva de Longa-Metragem da sétima edição carioca do Cinefoot, festival de cinema de futebol.

A seleção nacional inclui o excelente “Paysandú 100 Anos de Payxão“, de Marco André e Gustavo Godinho e “O Futebol“, de Sergio Oksman (co-produção Brasil/Espanha), vencedor do recente É Tudo Verdade, festival de documentários. Entre as produções estrangeiramos, citamos “Eighteam” e “Gascoine“.

A etapa carioca do Cinefoot vai de 19 a 24 de maiono Cine Arteplex Praia de Botafogo, Ponto Cine e Cine Joia (Jacarepaguá e Caetés). De 31 de maio a 4 de junho, tem prorrogação no Centro Cultural Justiça Federal, Cine Teatro Eduardo Coutinho e Cinemaison. Entrada franca em todas as sessões.

Já para a Mostra Internacional Competitiva de Curta-Metragem, o Cinefoot escolheu 7 filmes brasileiros e 4 curtas, que vêm  da Itália, Grã-Bretanha, Austrália e França. Confira!

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Cinefoot, camisa 7

Vamos falar de arte, da arte relacionada ao futebol? A sétima edição carioca do festival CINEfoot já tem data: 19 a 24 de maio, com uma prorrogação entre 31 de maio e 4 de junho.

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Identidade visual do 7˚ CINEfoot, concebida por Daniela Fernandes e Laura Barreto: http://www.cinefoot.org/

A identidade visual do 7˚ CINEfoot foi concebida pela diretora de arte e criação Daniela Fernandes e pela ilustradora e designer Laura Barreto.

O camisa 7 é o centro das ações do CINEfoot na sua sétima edição, para muitos um número tão mítico no futebol mundial quanto o mágico “10”. Em todos os tempos na história do futebol há um momento marcante envolvendo a camisa 7 para contar e celebrar.”

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