Começou com o grande documentário sobre João Saldanha a segunda edição da Mostra CINEfoot, no Canal Brasil. Até o fim de novembro, toda quinta-feira, às 19h, tem longas, médias e curtas selecionados por Antônio Leal, do CINEfoot – com reapresentação às terças-feiras, 13h30.
Um belo esquenta para a edição 2017 do festival CINEfoot nos cinemas! No Rio, de 23 a 28 de novembro. Em SP, deve ser no começo de dezembro.
Completa esta primeira sessão, hoje, às 13h30, o curta “Três no Tri”.
Dentro do post, as sinopses dos filmes de acordo com o site do Canal Brasil.
- Terça-feira, 10 de outubro, 13h30:
João Saldanha (2011) (94’) Direção: André Iki Siqueira e Beto Macedo – André Iki Siqueira e Beto Macedo reconstroem a trajetória de um personagem polêmico e marcante do Brasil no século 20: o jornalista, treinador de futebol e comentarista esportivo João Saldanha. Em comum aos cargos exercidos, estão a paixão e a ideologia das quais não abria mão em qualquer circunstância. Gaúcho de nascimento, testemunhou quando menino as disputas políticas no Rio Grande do Sul e viveu o ambiente doméstico de militância de seus familiares. Ao se mudar para o Rio de Janeiro nos anos 30, viu as transformações da então capital federal e se identificou plenamente. Nas areias da praia de Copacabana, fez amigos, conquistou mulheres e jogou ao lado de Heleno de Freitas e do mitológico Neném Prancha.O Botafogo sempre foi sua maior paixão. Foi dirigente e técnico do clube, comandando um time para lá de vitorioso cujos craques Garrincha e Nilton Santos fazem parte da história do futebol mundial. Combativo, audacioso e sempre ligado aos ideais da esquerda, viveu o conflito de aceitar montar a seleção brasileira que viria a ser campeã mundial na Copa de 1970 e ter de aceitar os “pitacos” do general Emílio Garrastazu Médici em sua escalação. Se recusou e acabou sendo substituído por Zagallo. Corajoso ao não contemporizar mesmo diante da cúpula militar entranhada em todos os setores, deixou a carreira de treinador e passou a comentarista de televisão. Com seu jeito durão, acabou por ser o pioneiro da informalidade da crônica esportiva.
- Três no Tri (2011) (15’) Direção: Eduardo Souza Lima – México, 1970. Pelé faz o gol da virada contra a Tchecoslováquia e garante a vitória que levaria o Brasil rumo ao tricampeonato. Junto a outras centenas de fotógrafos, Orlando Abrunhosa registra o momento e imortaliza o feito em uma das fotos mais reproduzida mundo afora. Com roteiro e direção de Eduardo Souza Lima, o documentário entrevista o autor da emblemática imagem futebolística, desvendando os bastidores do dia que marcou para sempre sua carreira e a trajetória da seleção brasileira. Abrunhosa relembra a história e repercussão da sua fotografia na mídia, fala sobre a polêmica dos direitos de imagem e revela quais são seus maiores sonhos.
- Quinta-feira, 12/10, às 19h, e terça, 17/10, às 13h30:
Dossiê 50: Comício a Favor dos Náufragos (2013) (82’) Direção: Geneton Moraes Neto – Fruto de uma grande reportagem de Geneton Moraes Neto (TV Globo e Globonews), o filme é uma chance rara de ouvir todos os 11 titulares que disputaram no gramado do Maracanã, no dia 16 de julho de 1950, o jogo mais dramático da história da seleção brasileira: a decisão da Copa do Mundo contra o Uruguai, diante da maior plateia até hoje reunida num estádio. Durante anos, essa geração de craques sofreu carregando o estigma de traidores simplesmente porque não venceram a partida. A íntegra das conversas deu origem ao livro homônimo, também escrito por Geneton.
- Rivellino (2011) (16’) Direção: Marcos Fábio Katudjian – Em uma mistura de suspense e comédia, o curta-metragem de Marcos Fábio Katudjian, estrelado por Djair Guilherme e Eduardo Semerjian, conquistou o prêmio especial do júri no Festival de Cinema de Gramado em 2012. O filme narra o reencontro de um ex-presidiário com o promotor que lhe botou na cadeia, dentro de um ônibus intermunicipal. Na busca por vingança, tomado por fúria e ressentimento, ele jura o advogado de morte, mas suas más intenções são frustradas quando o ex-jogador Rivellino, de quem ambos são fãs, entra no mesmo ônibus dos protagonistas. A partir daí o que poderia ter um fim trágico, torna-se uma lembrança dos melhores momentos do “Patada Atômica” em campo.
- Quinta, dia 19/10, às 19h e terça, dia 24/10, às 13h30:
Maracanã – Templo das Emoções (2013) (90’) Direção: Gerhard Schick – Numa coprodução entre Brasil e Alemanha, o documentário dirigido pelo cineasta alemão Gerhard Schick narra a história do grande templo do futebol mundial – o estádio do Maracanã. Protagonista de tantos momentos emblemáticos e caldeirão de emoções coletivas, muitos o consideram um lugar sagrado. Sua construção teve início em agosto de 1948 para receber a Copa dois anos depois, a primeira após a Segunda Guerra. O “Maior do Mundo”, como foi apelidado, tinha um significado simbólico – era a revelação do país para a comunidade internacional. O sonho transformou-se em pesadelo quando o improvável aconteceu: o Brasil perdeu para o Uruguai na final e um assombroso silêncio tomou conta do local. A película traz uma entrevista com o artilheiro uruguaio Alcides Edgardo Ghiggia, autor do gol do título e o único jogador daquela partida ainda vivo, além da viúva do arqueiro Barbosa, considerado o “culpado”.
- Geral (2010) (15’) Direção: Anna Azevedo – Com uma carreira de sucesso em festivais, o documentário ganhou destaque e garantiu vitória em diferentes categorias no Festival Internacional de Cinema Feminino, Festival Internacional de Curtas do Rio de Janeiro, Cine PE e Festival Internacional de Documentários do Irã. Tendo o Maracanã como cenário da obra, o documentário de Anna Azevedo mostra a importância da Geral, área mais popular do estádio, para os torcedores cariocas. Filmado nos cinco últimos jogos que precederam o fim do icônico setor, o curta acompanha a paixão dos torcedores, conhecidos como geraldinos, pelo lugar. Em um espetáculo recheado de alegria, tensão, êxtase e fúria, os frequentadores relembram histórias vividas ali e compartilham suas emoções em imagens inesquecíveis.
- Quinta, dia 26/10, às 19h e terça, dia 31/10, às 13h30.
Os Boias-frias do Futebol (2015) (15’) Direção: Luciano Pérez Fernández – Vencedor do prêmio de melhor curta do Cinefoot em 2015, a obra também garantiu o título de melhor curta e melhor curta-metragem estrangeiro no Football Film Festival da Austrália. Promessas não cumpridas, jornadas duplas de trabalho, falta de estrutura, contratos fictícios e um curto calendário anual. Essa é a dura realidade de aproximadamente 12 mil atletas das divisões de base do futebol brasileiro. Produzido para o canal Futura, o documentário de Luciano Pérez Fernández mostra a realidade de um esporte tão popular, que foi esquecida atrás do holofote dos clubes milionários. Filmado durante a Copa de 2014, o curta revela os sonhos e incertezas vividos por dois jogadores da série C do Campeonato Estadual do Rio de Janeiro.
- A Incrível Volta ao Mundo do Tricolor Suburbano (2013) (24’) Direção: Felipe Nepomuceno e Pedro Von Krüger – No ano de 1961, o empresário português José da Gama, então presidente do Madureira Esporte Clube, iniciou uma excursão com o time por diversos países. Dirigido por Felipe Nepomuceno e Pedro Von Krüger, o curta é produzido a partir das memórias dos ex-jogadores que participaram dessa “volta pelo mundo”. Eles enfrentaram algumas equipes no Japão, Irã, Bélgica, Colômbia, Estados Unidos, Itália, Costa Rica e na antiga União Soviética, em tempos de Guerra Fria. Ainda na aventura, passaram por Cuba, onde encontraram Che Guevara, e pela China, então sob o regime comunista, sendo o primeiro representante das Américas a jogar por lá.
- Unido Vencerás 2 – Uma História Diferente (2006) (10’) Direção: Pedro Asbeg – Dando continuidade ao tema, Pedro Asbeg revela a felicidade dos torcedores do América a poucos minutos do time disputar a final da Taça Guanabara de 2006, contra o Botafogo, 24 anos após a conquista do último título do clube. Ocupando boa parte do anel superior das arquibancadas do Maracanã, os americanos saem na frente, mas sofrem uma virada. Apesar disso, o cineasta embarca na fantasia e proporciona um final alternativo para a partida.
- Juventus Rumo a Tóquio (2009) (16’) Direção: Andréa Kurachi, Helena Tahira e Rogério Zagallo – Nascido no tradicional bairro paulista da Mooca, o Juventus disputou, em novembro de 2007, uma partida decisiva contra o Linense (clube vindo da cidade de Lins, também em São Paulo), na final da Copa Federação Paulista daquele ano. O curta acompanha o jogo que daria ao campeão o direito de disputar a Copa Brasil daquele ano e mostra a emoção dos torcedores numa partida eletrizante e cheia de surpresas. A produção é dirigida a seis mãos, por Andrea Kurachi, Helena Tahira e Rogério Zagallo. O registro, gravado no estádio da Javari, mostra de forma delicada a relação da torcida com o clube, apreensiva e esperançosa pela vitória.
- Quinta, dia 02/11, às 19h e terça, dia 07/11, às 13h30.
Copa União (2012) (101’) Direção: Raphael Viera e Diogo Dahl – O ano de 1987 foi bastante conturbado em inúmeros aspectos: inflação galopante e política instável são alguns dos mais comentados. No entanto, poucos assuntos geram tanta controvérsia quanto a Copa União, considerada a competição de futebol mais polêmica de todos os tempos no Brasil. Para contar essa história, Raphael Viera e Diogo Dahl reúnem imagens de arquivo – especialmente os jogos e gols do Flamengo – e depoimentos de jornalistas, jogadores, dirigentes e personalidades que de alguma maneira estão relacionadas ao tema.
O Campeonato Brasileiro de 1987 foi organizado pelo Clube dos 13, formado pelos principais times do país: Atlético Mineiro, Bahia, Botafogo, Corinthians, Cruzeiro, Flamengo, Fluminense, Grêmio, Internacional, Palmeiras, Santos, São Paulo e Vasco da Gama, além dos convidados Coritiba, Goiás e Santa Cruz. Todos estavam no Módulo Verde – equivalente à Primeira Divisão. A confusão começou quando a CBF voltou atrás e decidiu regular a competição. Pelas novas regras, haveria a necessidade do cruzamento dos Módulos Verde e Amarelo (correspondente à Segunda Divisão). O Flamengo sagrou-se vencedor do Módulo Verde, e o Sport declarado vitorioso no Módulo Amarelo. Sustentando o argumento de que o regulamento foi alterado após o começo do torneio, o rubro-negro carioca e o vice-campeão Internacional se recusaram a participar do quadrangular final. Sport e Guarani jogaram e o “Leão da Ilha” levou a melhor, sendo considerado pela CBF o campeão. Graças a todos esses fatores, muitas questões ainda permeiam a Copa União, alimentando apaixonadas e acaloradas discussões.
- O Sonho de Ser Camisa 10 (2013) (4’) Direção: Pedro Von Krüger – O curta retrata o anseio de incontáveis garotos brasileiros: ser o camisa 10 do seu clube do coração. O título traz como pano de fundo a idolatria ao Flamengo, a mística em torno da vestimenta e o sentimento de utilizá-la segundo o ídolo Zico, que tinha como inspiração um outro jogador, o alagoano Dida. Escrito e dirigido por Pedro Von Krüger, a obra aborda de forma apaixonada a magia que ronda o manto do time de maior torcida do Brasil. Em 2014, o filme foi selecionado para o Festival Cinefoot.
- Quinta, dia 09/11, às 19h e terça, dia 14/11, às 13h30:
Amazonas – O Jogo da Bola (2015) (85’) Direção: Chicão Fill – O futebol é, sem dúvida, a maior paixão do brasileiro. Sua representatividade, no entanto, é bastante distinta no território nacional. Exceto eventuais participações nas principais ligas do país de clubes paraenses como Paysandu e Remo, raras são as presenças de agremiações de estados da Região Norte nos torneios mais competitivos. Longe do foco de Sul e Sudeste, que dominam o velho e violento esporte bretão com seus craques e investimentos grandiosos, o Amazonas abriga uma torcida fanática e guarda muitas histórias sobre o nascimento do esporte no Brasil. O documentário de estreia de Chicão Fill recupera e apresenta a tradição amazonense de fazer arte com a bola nos pés. O filme convida intelectuais locais para resgatar a história do esporte no estado. Os entrevistados relembram o primeiro jogo de que se tem relato no país, no século 18, e a importância da produção da borracha como matéria-prima das bolas, até então feitas com trapos, material precário para a realização de uma partida. O documentário aponta a influência da imigração inglesa na região, com concessionárias contratadas para tocar obras de hidrelétricas, infraestrutura e transporte público, para o início da profissionalização do futebol, até então jogado sem regras claras por tribos indígenas. Além disso, os historiadores lembram a criação dos primeiros clubes sociais de Manaus, formados por imigrantes e brasileiros recém-chegados da Europa, e alegam que a capital do estado foi pioneira na promoção de competições. Com um riquíssimo material de acervo de fotos e vídeos, o filme mostra os primórdios da profissionalização do esporte na região e a criação de times como Fast, Rio Negro e Nacional.
- Zahy – Uma Fábula sobre o Maracanã (2012) (6’) Direção: Felipe Bragança – Zahy Guajajara, de 23 anos, é uma das líderes de uma aldeia localizada ao lado do estádio do Maracanã, no Rio de Janeiro. Criada em 2006, o conglomerado ocupava a área do antigo Museu do Índio. O filme faz uma crítica ao governo pelo projeto de construção de um shopping no lugar, reivindicado pelas etnias que ali residiram para abrigar a primeira Universidade Indígena do Brasil. No vídeo, a pajé e contadora de histórias Zahy lança um novo olhar sobre o espaço onde viveu e resistiu. A protagonista do curta dirigido por Felipe Bragança também ajudou no roteiro da produção.
- Quinta, dia 16/11, às 19h e terça, dia 21/11, às 13h30:
Conversa com JH (2013) (94’) Direção: Ernesto Rodrigues – Um homem de personalidade forte e polêmico, capaz de provocar as mais diferentes emoções. Assim é João Havelange, primeiro e único brasileiro a presidir a FIFA, órgão máximo do futebol, por mais de 20 anos. Ernesto Rodrigues, autor do livro Jogo Duro – A História de João Havelange, reuniu trechos de 25 horas de gravação e 150 entrevistas para a coprodução entre Canal Brasil e Bizum Comunicação. Em 2005, Ernesto assinou um contrato com Havelange para escrever uma obra sobre sua carreira, as decisões e atitudes importantes que tomou, os momentos históricos, as controvérsias acumuladas no Brasil e no exterior, as vitórias e derrotas, os amigos e desafetos, além de muitos outros assuntos. Pouco mais de dois anos depois do primeiro contato, o texto final estava pronto. O jornalista, então, cumpriu a promessa de enviar o conteúdo a Havelange, trazendo consequências inesperadas: ele não só desautorizou o resultado, como levantou a possibilidade de uma ação judicial. Correndo o risco de perder todo o trabalho já realizado, Ernesto fez uma proposta: gostaria de ler em conjunto os trechos mais polêmicos, o que foi aceito por Havelange. A partir daí, iniciou-se uma surpreendente e acirrada batalha entre biógrafo e biografado, num mergulho inédito a respeito das fronteiras éticas, psicológicas e profissionais envolvidas. Os 12 encontros de leitura foram integralmente captados num gravador de voz digital. O longa-metragem exibe o momento em que Ernesto mostra os registros das reuniões aos jornalistas Geneton Moraes Neto, George Moura e Ricardo Pereira. Entrecortando as audições – as reações vão de risadas a rostos de perplexidade –, estão depoimentos de craques como Pelé e Franz Beckenbauer; do ex-secretário-geral e atual presidente da FIFA Joseph Blatter; da secretária Irene; da esposa Anna Maria; do técnico Parreira e de mais de 20 correspondentes internacionais.
- A Culpa É do Neymar (2015) (11’) Direção: João Ademir – Diz a tradição futebolística que os filhos devem seguir o time de coração dos pais. Quando se trata de um torcedor fanático, essa regra parece ser inviolável e com risco de punição severa. Estrelado por Babu Santana, Kaiky Gonzaga e Dani Ornellas, o filme de João Ademir é uma grande brincadeira com os famosos revanchismos entre as agremiações brasileiras.
Premiada como melhor filme infantil no Vitória Cine Vídeo, a película mostra a dificuldade de um pai fanático pelo Botafogo em ver a pouca empolgação do filho com o time de General Severiano. Jair (Babu Santana) é absolutamente obcecado pela estrela solitária. Sua casa tem escudos do clube por todos os lados, e até o nome de seu filho, Túlio (Kaiky Gonzaga), foi escolhido como homenagem a um dos maiores artilheiros da história do time. A fase atual da equipe, no entanto, não empolga o menino, e a presença de Neymar no Santos atrai sua torcida para o clube paulista. Com muita dificuldade, o homem, também batizado em referência a um atleta que fez história com a camisa alvinegra, vai precisar dosar sua obsessão e aceitar as escolhas próprias da criança. - Quinta, dia 23/11, às 19h e terça, dia 05/12, às 13h30:
- Miller & Fried – As Origens do País do Futebol (2016) (72’) Direção: Luiz Ferraz – O futebol é uma das maiores paixões nacionais. É fácil perceber por todo o país, seja nos gramados ou nos campos de barro, nos grandes estádios ou nas várzeas de poeira e terra batida, o amor pelas quatro linhas e pela rede estufada seguida pelos gritos de gol. Dois grandes nomes fizeram as vezes de cupido para unir esse casal de atração flamejante: os paulistanos Charles Miller, considerado o pai do esporte por aqui, e Arthur Friedenreich, tido como o primeiro grande craque com a bola nos pés. O cineasta Luiz Ferraz remonta a trajetória do desporto no Brasil a partir da biografia dessas duas personalidades fundamentais, mostrando como as sementes plantadas por eles há mais de 100 anos são colhidas até o presente. O documentário demonstra como o momento histórico vivido pelo Brasil nas últimas décadas do século 19 foi favorável para o surgimento e a massificação do desporto. Três relatos funcionam como o fio condutor do roteiro, e cada depoimento é complementado por imagens raras dos primórdios do futebol no Brasil. Carlos Miller Junior resgata detalhes da memória do avô e da família, desembarcada no país em meados do século 19 para a construção de uma estrada de ferro. John Mills e Luiz Carlos Duarte, biógrafos de Charles Miller e Arthur Friedenreich, respectivamente, trazem detalhes precisos sobre as recordações de suas vidas, passando por aspectos familiares, profissionais e esportivos, desmistificando lendas sobre as carreiras deles. Apesar de descendentes de estrangeiros, suas trajetórias são diferentes e foram traçadas em momentos distintos da modalidade no país. O primeiro foi responsável pela semente do esporte, enquanto o segundo foi um dos primeiros frutos colhidos dessa semeadura.
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- Bola para Seu Danau (2015) (06’) Direção: Eduardo de Souza Lima – Charles Miller é considerado o pai do futebol no Brasil. No entanto, há quem duvide da verdadeira paternidade do esporte e considere que os gramados trazem em seu DNA a carga genética do escocês Thomas Donohoe. O filme de Eduardo Souza Lima conta como esse europeu de Busby, recém-chegado à zona oeste do Rio de Janeiro para trabalhar em uma fábrica de tecidos, teria sido o pioneiro do velho e violento esporte bretão em terras tupiniquins. Depoimentos e encenações de seus passos por aqui defendem a tesa de que o futebol não existiria não fosse por essa figura peculiar do fim do século 19.
- Quinta, dia 30/11, às 19h e terça, dia 05/12, às 13h30:
- Mundialito (2010) (72’) Direção: Sebástian Bednarik – Sebástian Bednarik investiga as relações entre poder e esporte na concepção da Copa de Ouro, realizada no Uruguai. A competição – transcorrida durante a ditadura e utilizada para fortalecer a imagem dos militares junto à população – reuniu os grandes campeões do mundo, numa celebração que acabou superando quaisquer conotações políticas a ela atribuídas. Em 2010, o longa foi selecionado para o Festival Internacional do Novo Cinema Latino-americano. Montevidéu, dezembro de 1980. Em um país com liberdades cerceadas, surge a possibilidade de reunir em campo as nações detentoras da taça mais desejada do futebol. Fruto da ideia do então presidente da FIFA João Havelange, o torneio comemorou os 50 anos da realização da primeira Copa do Mundo – vencida, em casa, pela celeste olímpica – e contou com a participação de Brasil, Argentina, Alemanha e Holanda (em substituição à Inglaterra, que declinou do convite), além dos anfitriões. As lentes de Bednarik captam diversos depoimentos, dentre eles, os dos protagonistas de um dos últimos grandes títulos dos “charruas”, como Hugo De León, Waldemar Victorino, Rodolfo Rodríguez e Rubén Paz, além dos brasileiros Sócrates e João Havelange. Entrecortando as entrevistas, estão raras imagens de arquivo com gols marcantes e vídeos das comemorações.
Tapete Verde (2013) (15’) Direção: Angelo Martins – O diretor Angelo Martins buscou inspiração na letra de É uma Partida de Futebol, do grupo mineiro Skank, para produzir este documentário sobre meninos e meninas que sonham em calçar as chuteiras e vestir a camisa de um grande time do velho e violento esporte bretão. O curta-metragem traz depoimentos de aspirantes a jogadores e de seus pais durante as famosas peneiras, treinos de teste onde os futuros craques dos gramados são escolhidos. Cada entrevista mostra os desejos, as esperanças e um pouco do cotidiano de quem pode, em breve, arrancar gritos de gol da torcida.