“Chapetuba Futebol Clube”

No domingo de polêmicos clássicos em São Paulo, BH, Rio e Milão, o que eu assisti mesmo foi um clássico do teatro nacional. E peguei no último minuto do tempo normal, a peça “Chapetuba Futebol Clube”, escrita em 1959 por Oduvaldo Vianna Filho, o Vianinha. Fotonovela na revista “Placar” nos anos 70, se passa na véspera e no dia de uma partida decisiva de uma segunda divisão paulista. O Chapetuba só precisa da vitória para subir para a primeira divisão. Enquanto alguns jogadores pensam em disputar jogos no Pacaembu, o misto de técnico e jogador veterano do time, Durval, sonha é com uma volta ao Flamengo. Até que aparece um jornalista que tenta subornar o goleiro do CFC, Maranhão. Os jogadores ainda têm que enfrentar os compromissos políticos e a pressão psicológicas dos cartolas – até uniforme novo para a última partida eles inventam… e sabe como jogador (como torcedor) é supersticioso… Pessoal, não tem cena de jogo. A peça se desenrola na pensão onde moram  jogadores e, depois, no vestiário do time, com uma reverência ao rádio como meio de comunicação. Muito interessante. Tem até cenas românticas…

Gostaria de destacar especialmente as atuações de Fábio Pinheiro como o goleiro Maranhão, Flávio Kena como o veterano Durval e Fernando Prata como o desmiolado Cafuné.

A boa notícia é que “Chapetuba…” terá uma prorrogação, isto é, nova temporada, a partir de março. Pra quem gosta de teatro é uma ótima dica. Quem se interessa por futebol deveria tentar ver.

Teatro de Arena Eugênio Kusnet – rua Teodoro Baima 94 – pertinho da Igreja da Consolação, centro de São Paulo (a partir de março).

“O Milagre de Berna”

O MILAGRE DE BERNA (Das Wunder von Bern), de Sönke Wortmann
O MILAGRE DE BERNA (Das Wunder von Bern), de Sönke Wortmann

Este filme passou rapidinho pelos cinemas brasileiros no final de 2004, começo de 2005, mas vale a pena procurar o DVD. É uma ficção que tem como pano de fundo a campanha campeã da seleção da Alemanha (Ocidental), na Copa da Suíça, em 1954.  E por que o feito é considerado o Milagre de Berna? É que na época o gigante do futebol era a Hungria, de Puskas e companhia. Na primeira fase, a Alemanha tomou de 8×3 do time de Puskas. Verdade que poupou titulares, sim. Na final, a favoritaça Hungria e a Alemanha voltaram a se enfrentar. O time vermelho chegou a abrir 2×0 no placar, mas tomou a virada (tá certo que o juiz anulou um gol húngaro). Final, 3×2, Alemanha campeã do mundo pela primeira vez. E esta simpatícissima produção alemã ajuda  a entender porque jogadores como Fritz Walter e Rahn são lembrados até hoje nesta grande potência do futebol. O roteiro é OK e chamam muita atenção as elogiadas cenas que recriam -em cores- lances decisivos da Copa do Mundo de 54, com ótima caracterização da época. Até o ator Henrik Benboom, que faz o papel de Puskas, usa aquele topete repartido ao meio do maior craque húngaro de todos os tempos… Golão, golão, golão.

SOM NA TELA: Yardbirds em “Depois Daquele Beijo”

DEPOIS DAQUELE BEIJO (Blow-up), de Michelangelo Antonioni

DEPOIS DAQUELE BEIJO (Blow-up), de Michelangelo Antonioni

Mais um indicação para o seu, o meu, o nosso festival particular de filmes sobre música ou futebol. “Depois Daquele Beijo”, o clássico “Blow-Up” de Antonioni, de 1966, não é exatamente um filme de rock. Mas numa cena, o fotógrafo interepretado por David Hemmings (que contacena com a bela Vanessa Redgrave) acaba parando num casa de shows de Londres, onde se apresentam  The Yardbirds, então com ninguém menos do que Jimmy Page (com  maior cara limpa de adolescente) e Jeff Beck na guitarra. A banda toca “Stroll On”, uma versão um pouco diferente do classicão “The Train Kept A-Rollin’ “. Uma ceninha só do filme, mas vale a pena ver  Jeff Beck dando uma de GUITAR HERO nervosinho, batendo a guitarra no amplificador, quebrando o instrumento e jogando parte para a platéia, que fica alvoraçada. E o fotógrafo com cara de “o-que-é-que-eu-estou-fazendo-aqui”… Também é bem interessante a cena do jogo de tênis imaginário!Ah, a trilha desse filme quase sem palavras é de Herbie Hancock, papa do piano jazz, autor por exemplo da sensascional “Cantaloupe Island”, regravada pelo US3 como “Cantaloop” nos anos 90.