Mural de craque

No elegante bairro do Sarrià, em Barcelona, são muito poucas as lembranças do velho estádio do Espanyol, que em 5 de julho de 1982 recebeu o clássico Itália 3×2 Brasil – como mostrou o rolê do Fut Pop Clube ao lado do jornalista colombiano Wilmar Cabrera, autor do livro “Los Fantasmas de Sarrià Visten de Chandal”.
Mas a uns 9 mil quilômetros deste quarteirão de Barcelona, um dos cinco gols da partida mais famosa do Mundial de 1982 – a verdadeira decisão – é retratado por um mural do artista brasileiro Eduardo Kobra. O golaço de Paulo Roberto Falcão -o segundo na derrota fatal contra a Squadra Azzurra- e alegria do camisa 15 canarinho (eternizada pelo clique de J.B.Scalco, para a “Placar”) merecem a atenção de quem passa pela esquina das avenidas Hélio Pellegrino e Santo Amaro, na zona sul de São Paulo.
Sintomático que os brasileiros guardem uma imagem de uma das derrotas mais doídas da Seleção (ao lado do Maracanazo de 1950). Aquela Seleção não ganhou a Copa. Encantou o planeta bola. Ganhou o mundo. Aquela era uma Seleção pela qual valia a pena chorar, como mostrou a célebre capa do “Jornal da Tarde” sobre a foto de Reginaldo Manente.

Mural do Studio Kobra com o gol de Falcão contra a Itália.
Mural do Studio Kobra com o gol de Falcão contra a Itália, sobre a foto de J.B. Scalco para a “Placar”

Parece que as árvores querem cumprimentar e abraçar o Falcão por seu gol”, disse o jornalista Wilmar Cabrera, colombiano radicado na Barcelona do antigo estádio Sarrià. A vitória da Azzurra de Bearzot (que não era fraca, não – longe disso!) é o tema do livro  de Wilmar Cabrera,”Los Fantasmas de Sarrià Visten de Chándal”.

Depois da Copa de 1982, não foram muitos os jogos de Mundial em que a Seleção Brasileira encantou.

Que o Brasil volte a jogar bonito.

Sem Neymar, isso vai ser um pouco mais difícil. Não impossível.

E se perder? Bola pra frente. Vamos continuar curtindo a Copa, por favor? Ela tá maneira demais.

A derrota em 1982 não foi o fim das carreiras de Telê, Sócrates, Zico, Toninho Cerezo, Junior e cia. Pelo contrário. Ganharam muitos títulos mais.

Em 2006, a Alemanha sediou o Mundial e festejou o terceiro lugar. Olha ela aí de novo…

Tenho um pressentimento que boa parte desta segunda família Scolari ainda pode dar muitas alegrias à torcida brasileira. Continuar lendo “Mural de craque”

“82 – Uma Copa – Quinze Histórias”

Dica da coluna do Tostão.

http://82umacopa15historias.blogspot.com.br/
http://82umacopa15historias.blogspot.com.br/

Dos 5 clássicos entre Canarinho e Azzurra nas Copas, ganhamos as duas finais (tema do post seguinte) e vencemos também a decisão do 3º lugar em 1978 (golaço do Nelinho!). E a Itália triunfou em duas autênticas “decisões”: semifinal de 1938 e em 5 de julho de 1982.Só no ano passado, o Brasil 2×3 Itália do velho estádio do Espanyol e a seleção de Telê foram tema de três livros brasileiros, mais o do colombiano Wilmar Cabrera, “Los Fantasmas de Sarrià Visten de Chándal“, lançado na Espanha. E agora “82 – Uma Copa – 15 Histórias reúne 15 contos de ficção em torno da chamada “tragédia do Sarrià”. Ele fala de uma seleção que não ganhou a Copa, mas conquistou o mundo, como diz o título de outro livro, o de Falcão. O Brasil de Telê poderia empatar, mas perdeu da grande Itália de Zoff, Rossi e Bearzot e saiu fora de um emocionante Mundial.82 - DIVULGAÇÃO (1)
Dentro do post, o convite para a próxima noite de lançamento do livro organizado por Mayrant Gallo em Salvador, que tem na capa a premiada foto de Reginaldo Manente, primeira página do saudoso “Jornal da Tarde” no dia seguinte da “tragédia“. Continuar lendo ““82 – Uma Copa – Quinze Histórias””

Rolê por Sarrià com Wilmar Cabrera

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Gullit? Quase! É o jornalista colombiano Wilmar Cabrera, autor do livro “Los Fantasmas de Sarrià Visten de Chandal”

O jornalista colombiano Wilmar Cabrera guiou o Rolê do Fut Pop Clube pelo quarteirão onde até 1997 estava o estádio que recebeu uma das maiores partidas da história das Copas. 5 de julho de 1982. O Sarrià, que pertencia ao Espanyol, de Barcelona, viu Brasil 2×3 Itália. O ex-boleiro vive há 5 anos em Barcelona, onde cursou um Master de Criação Literária na Universidade Pompeu Fabra. E seu livro “Los Fantasmas de Sarrià Visten de Chándal” (Editorial Milenio), tema do post anterior, mostra a qualidade do texto deste “futbolero” apaixonado pelo Millonarios, de seu país natal, simpatizante do Espanyol e do Europa, ambos de Barcelona – todos blanquiazules. E pela Squadra Azzurra.

Sarrià, 19/04/1988 http://www.facebook.com/photo.php?fbid=10151564454859834&set=pb.322865159833.-2207520000.1369353063.&type=3&theater
Sarrià, 19/04/1988. O Espanyol vence o Brugge na prorrogação na semifinais da Copa da Uefa (equivalente à Europa League de hoje). Nas finais, o RCDE perdeu do Bayer Leverkusen.
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Sarrià, *1923 + 1997

Wilmar Cabrera sabe de cor e salteado onde aconteceu cada um dos cinco gols daquele “partidazo” – pra ele, uma obra-prima. O jornalista colombiano – @WcGullit no Twitter – estudou praticamente cada “take” do vídeo daquele Brasil x Itália, que nós brasileiros chamamos de “tragédia do Sarriá” (grafia do nome do bairro em castelhano). Para os torcedores do Espanyol, tragédia do Sarrià (aí em catalão) certamente foi a demolição do estádio – bem no coração de Barcelona! – por causa das dívidas do clube. O estádio foi demolido… o terreno vendido para incorporadoras imobiliárias que construíram belos prédios (foto abaixo). O clube andou pelas montanhas de Montjuic (estádio olímpico de Barcelona) até a temporada 2008/09 e finalmente inaugurou uma nova e moderna arena, na cidade vizinha de Cornellà-El Prat (confira rolê do blog num dia de Espanyol x Valladolid, com direito aos torcedores “pericos” cantando uma adaptação de um grande sucesso de Gal Costa). Mas o RCDE continua endividado…

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No lugar da emoção do futebol – e como teve emoção em 5/7/82 – um condomínio tranquilo.

Do velho estádio Sarrià, sobraram as imagens do You Tube e arquivos da Copa 82 na TV, as memórias de torcedores do Espanyol e de fissurados por bom futebol como Wilmar Cabrera, você e eu… e pouco mais. Uma placa no meio do jardim entre os edifícios residenciais…
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Praças com os nomes do goleiro Zamora, ícone da história do Espanyol e de La Roja, a seleção espanhola… e do fundador do clube, Angel Rodríguez.
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No bar inaugurado pouco antes do Mundial disputado na Espanha, já com o nome Sarriá 82, o gentil Basilio lembra com saudade da farra que os torcedores brasileiros fizeram antes da “tragédia”. Ele nunca viu tanta alegria antes… mas em compensação, depois do apito final… Pena que o bar Sarriá 82 não tenha uma flâmula, uma foto, um pedacinho de grama… Receio de provocar desavenças entre os torcedores dos rivais catalães.

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Bar Sarriá 82, no bairro Sarrià

Foi no bar que o Fut Pop Clube bateu um agradável papo sobre 1982, o futebol de hoje e o jornalismo esportivo com Wilmar Cabrera, craque das letras. Mais fotos dentro do post.
Continuar lendo “Rolê por Sarrià com Wilmar Cabrera”

Sarrià, 5 de julho de 1982

Poster do Mundial de 1982

Há 30 anos, o Brasil enfrentou a Itália no estádio Sarrià, que era o campo do RCD Espanyol de Barcelona. A seleção Canarinho treinada pelo mestre Telê Santana poderia empatar, para garantir a vaga na semifinal. Mas acabou voltando para casa. A Itália de Enzo Bearzot não ficou atrás no placar. O bambino Paolo Rossi abriu o marcador aos 5. Sócrates empatou sete minutos depois.  Paolo Rossi desempatou aos 25. No segundo tempo, o Brasil empatou novamente com um golaço de Falcão. O resultado classificaria o Brasil. Mas o camisa 20 da Squadra Azzura marcou seu terceiro gol a 11 minutos do apito final.

A chamada ‘tragédia do Sarrià’ foi retratada numa foto de Reginaldo Manente, que captou o choro de um menino com a camisa amarelinha, nas arquibancadas do estádio do Espanyol. A foto ocupou quase toda a primeira página do Jornal da Tarde, do grupo Estadão, no “day after” – o dia seguinte da tragédia. Uma capa histórica (veja aqui).

Sarriá-82 – O Que Faltou ao Futebol-Arte?” é o nome de um livro lançado esta semana pela Maquinária Editora, em que Gustavo Roman e Renato Zanata Arnos tentam explicar o que aconteceu com o escrete que encantou o mundo. Continuar lendo “Sarrià, 5 de julho de 1982”

“Sarriá 82 – O Que Faltou ao Futebol-Arte?”

imageGustavo Roman e Renato Zanata Arnos estão lançando pela Maquinária Editora o livro sobre a seleção de Telê e o que aconteceu no antigo estádio do Espanyol de Barcelona – a chamada tragédia do Sarrià. Hoje, a segunda noite de autógrafos, a partir de 18h, no CCBB, centro do Rio.
Um pouco mais sobre os autores de  “Sarriá 82 – O Que Faltou ao Futebol-Arte?”Gustavo Roman, futuro jornalista, colecionador de jogos de futebol (isso mesmo, ele coleciona partidas inteiras em vídeo: 5.350 partidas, de 1950 em diante!) e Renato Zanata Arnos, professor de História, pesquisador do futebol argentino (coautor do blog Futebol Argentino), comentarista e ainda músico de blues.
Continuar lendo ““Sarriá 82 – O Que Faltou ao Futebol-Arte?””

Voa Canarinho. Saiu o livro “Sarriá-82 – O que Faltou ao Futebol-Arte?”.

27 de maio de 2012
Waldir Peres (depois Paulo Sérgio), Leandro, Oscar, Luizinho (Edinho) e Júnior; Falcão, Sócrates, Zico e Paulo Isidoro (Toninho Cerezo); Careca (Serginho Chulapa) e Éder (Dirceu). Com esse time, a Seleção Brasileira treinada por Telê Santana goleou o Eire (República da Irlanda) por 7 a 0, há exatos 30 anos, em 27 de maio de 1982, no Parque do Sabiá, em Uberlândia. Marcaram: Falcão, Sócrates (duas vezes), Serginho (também 2 gols), Luizinho e Zico!
A seleção se despedia do seu povo feliz, diante de 72.733 pagantes, para tentar buscar o tetra. Foi o último amistoso antes do voo do escrete canarinho para disputar a Copa do Mundo de 1982, na Espanha. Você viu aí o nome do Careca na escalação. Infelizmente, o goleador do Guarani se machucou pouco antes do Mundial. Serginho Chulapa, “o artilheiro indomável”, polêmico dentro e fora do campo, ficou com a 9. O Brasil chegou como favorito, encantou o mundo com seu quadrado mágico formado por Falcão, Cerezo, Sócrates e Zico. Deu show na primeira fase. No grupo com Argentina e Itália que decidia uma vaga na final, venceu bem os hermanos, num jogo em que Maradona perdeu a cabeça: 3×1.  Contra a Itália, poderia empatar,saiu atrás, nunca esteve na frente do placar, e perdeu. 3×2. 5 de julho de 1982. O sonho do tetra foi adiado, logo com a melhor seleção que nosso futebol montou desde o tri no México 70. A falada “tragédia do Sarrià”, nome do estádio do Real Club Deportivo Espanyol de Barcelona na época (foi demolido 15 anos depois; o Espanyol usou por anos o Olímpico de Montjuic e hoje joga num moderno estádio entre Cornellà e El Prat).
A tragédia do Sarrià é o tema do livro de Gustavo Roman, futuro jornalista, colecionador de jogos de futebol (isso mesmo, ele coleciona partidas inteiras em vídeo: 5.350 partidas, de 1950 em diante!) e Renato Zanata Arnos, professor de História, pesquisador do futebol argentino (coautor do blog Futebol Argentino). “Sarriá 82 – O Que Faltou ao Futebol-Arte?”, que está para ser lançado pela Maquinária Editora. O livro já está em fase de revisão e a capa você pode ver abaixo.


Renato Zanata e Gustavo Roman assistiram, analisaram, esmiuçaram 25 dos 38 jogos (29 vitórias, 6 empates e apenas 3 derrotas) disputados pela Seleção de Telê, na primeira passagem do mestre pelo escrete canarinho. Mais os vídeos de 21 partidas da Seleção com o antecessor, Cláudio Coutinho. Total: 46 VTs. Alguns vistos e revistos.

Os autores entrevistaram Zico, os laterais Júnior e Leandro,o zagueiro Oscar, os meio-campistas Batista, Paulo Isidoro e Adílio e os jornalistas Mauro Beting, Mário Marra, André Rocha e Ariel Judas (argentino).

Parece leitura obrigatória para todos nós que sonhamos  junto com os “Pachecos” em 1982 e nunca mais choramos por derrotas de nenhuma Seleção Brasileira. Por aquela, valia a pena chorar. Como o garoto da capa (inesquecível foto, histórica primeira página) do “Jornal da Tarde”, de 6 de julho de 1982.