Em fevereiro, a Fundación Athletic Club e a Sala BBK promovem, lá na bela Bilbao, a terceira edição do Thinking Football Film Festivale tem até filme brasileiro. O festival de cine boleiro bilbaíno começa com “Os Rebeldes do Futebol 2″ (tema do post anterior), a continuação do ótimo “Les Rebelles du Foot”. Eric Cantona e Gilles Pérez, enolvidos na série dos boleiros rebeldes, também vão encerrar o festival com “Foot et immigration, 100 ans d’histoire commune” (“Fútbol e inmigración, cien años de historia común”), documentário sobre o papel da imigração no futebol francês, na seleção dos Bleus desde 1930 e na sociedade francesa – um tema bem do presente.
Entre as 10 películas escaladas, está o documentário brasileiro “Democracia em Preto e Branco”, que fala muito (mas não só) da democracia corintiana, e também da luta pela abertura e eleições diretas no país e o despertar do Rock Brasil, no começo dos anos 80. Não à toa, a “madrinha” Rita Lee (que é corintiana) narra o filme de Pedro Asbeg, que já foi exibido e premiado em festivais nacionais como o CINEfoot – na virada do ano, passou direto na ESPN Brasil e ainda pode ser visto no canal Now, da Net, e na internet, no Watch ESPN. Recomendo!
O filme brasileiro sobre futebol, política e rock and roll – que tem Sócrates, Casagrande e Wladimir como personagens centrais – passa em 10 de fevereiro, depois do documentário alemão “Wie im falschen Film”(“Estamos en la película equivocada”), onde o diretor Timiam Hopf trata de racismo, preconceitos e homofobia nas arquibancadas. Depoimentos de atletas como Jérôme e Kevin-Prince Boateng e Gerald Asamoah,
“Sons of Ben” fala de uma década de luta dos fãs de soccer na Filadélfia, para a cidade ter um time na MLS! Goal! Eles conseguiram: o Philadelphia Union!
Depois de passar em alguns cinemas, chega à ESPN, quinta-feira, 23/10/14, às 20h), o doc “Democracia em Preto e Branco”, filme da TV Zero já exibido em festivais (É Tudo Verdade. Venceu a Taça CINEfoot de melhor longa 2014 – e no Rio). O documentário conta a história da democracia corintiana, no começo dos 80, em meio ainda a uma ditadura no Brasil, com muito futebol, política e rock and roll. O diretor Pedro Asbeg, que nasceu em Londres e morou muito tempo no Rio, já filmou futebol (Raça Filmes) e finaliza “Geraldinos”.
Leão, Nelinho (Zé Maria), Luís Pereira, Marinho Peres e Marinho Chagas; Piazza (Carpegiani), Rivellino e Paulo César Caju; Valdomiro, Jairzinho e Leivinha (Mirandinha ou ainda Dirceu). No papel, está muito longe de ser um time ruim. Todos eram craques que deram muitas alegrias aos torcedores de seus clubes (e olha o desperdício: do banco, Ademir da Guia só saiu para disputar o 3º lugar, contra a Polônia – Pelé só aparece nas tribunas e numa visita à concentração). Mas o “Futebol Total” do título se refere ao Carrossel Holandês, a Laranja Mecânica de Cruyff e cia, que deu um baile de bola na Copa do Mundo disputada na Alemanha Ocidental, em 1974. As câmeras do Canal 100 esperavam registrar o tetra do Brasil, 4 anos depois do tri no México. Acabaram registrando um pouco da “revolução holandesa”. E muitos motivos do fiasco brasileiro. A arrogância e o desprezo perderam feio.
É interessantíssimo ver o documentário do Canal 100 sobre o Mundial de 74 pouco antes da abertura da Copa de 2014. Futebol muito bem filmado, e ainda por cima, com um uso do slow motion, o efeito de “câmera lenta”, que transforma o jogo de bola num balé de imagens.
Por coincidência, a sessão que eu vi, no encerramento do festival CINEfoot no Espaço Itaú de Cinema, foi poucos dias depois da morte do lateral-esquerdo Marinho Chagas. O camisa 6 da seleção naquela Copa era mesmo uma das opções de ataque do escrete de Zagallo. O zagueiro Luís Pereira também.
“Futebol Total” foi dirigido por Carlos Leonan e Oswaldo Caldeira, com texto de Sergio Noronha e narração de Cid Moreira. Na trilha, rola Jimi, rola Ben, rola Milton. A montagem, inteligente, comenta com as imagens os depoimentos. Tem muitas entrevistas com torcedores e a certa altura João Saldanha (a quem Zagallo sucedeu em 1969) bate papo com Aymoré Moreira e Gerson. Preguinho, Leônidas, Domingos da Guia, Zizinho, Garrincha, Gylmar, Nilton Santos e o ‘canhotinha de ouro’ falam sobre a participação do Brasil nos mundiais de 1930 a 70. Somos brindados com muitos lances do tri.
Enfim, que bonito é… futebol filmado e editado pelo Canal 100. Valeu, CINEfoot!
As livrarias receberam um caminhão de novidades e relançamentos sobre futebol e em especial Copa do Mundo. Tem muito livro bom.
O Sesc Pompeia faz uma exposição multimídia sobre futebol & música (Música de Chuteiras) e no Rio tem um musical (“Samba Futebol Clube”) – vamos falar deles ainda. Estes dias antes da Copa são ótimos tempos para quem gosta de filmes sobre futebol.
Uma excelente notícia é o lançamento em DVD da animação 3D “Um Time Show de Bola” (“Metegol”), filme dirigido por um craque argentino do cinema, Juan José Campanella, a partir de um conto de Fontanarossa, que era maluco por futebol. Bonequinhos de pebolim (totó) ganham vida e saem da mesa de jogo nesse filme pra agradar a família toda.
A gorduchinha também rola redonda nos cinemas.
O goleiro Beto (Lucas Alexandre), em “Meninos de Kichute”
Uma produção brasileira que passou numa edição anterior do festival CINEfoot finalmente entra em circuito em 5 de março. “Meninos de Kichute“, de Luca Amberg. Kichute? A molecada de hoje nem sabe o que é isso, mas esse é um filme com potencial para agradar o público infanto-juvenil e ainda mais os marmanjos que vão se emocionar com as lembranças da infância nos anos 70. Como o kichute, chuteirinha algo tosca que era objeto do desejo de 10 entre 10 boleirinhos dos 70.
E a edição 2014 do CINEfoot – que já terminou no Rio – continua em São Paulo (Espaço Itaú de Cinema e CCSP) e em BH com uma programação espetacular. Pena que se o torcedor/espectador perde uma sessão de um filme em especial dificilmente terá uma segunda chance agora.
Confira a programação dos próximos dias de CINEfoot em SP. Tem filme sobre a Copa de 50, Corinthians, Palmeiras, Boca Juniors, a Holanda de 74 nas lentes do Canal 100 e mais uma chance para ver os imperdíveis “A Copa Perdida / Il Mundial Dimenticato”, “Os Rebeldes do Futebol” e “O Ano em que meus pais saíram de férias”, o favorito do blogueiro. Espaço Itaú de Cinema |Augusta (Rua Augusta, 1.475 e 1.470 – Consolação)
Domingo 01/06
19h – HOMENAGEM: JOGADORES DA COPA DE 1950 & FAMILIARES
GARRA CHARRÚA, ficção de Felipe Bravo (Espanha, 2012)
“Democracia em Preto e Branco“, o longa-metragem de Pedro Asbeg sobre o curto mas marcante período da democracia corintiana, vai passar no festival de documentários É Tudo Verdade.
Quinta, 10 de abril, 21h, cine Livraria Cultura (Conjunto Nacional, metrô: Paulista / Consolação)
Sócrates Brasileiro Sampaio de Souza Vieira de Oliveira. “8 é o número da camisa dele”, diria Osmar Santos, o locutor que não só narrou no rádio os gols mais importantes do Doutor Sócrates, como foi companheiro do “Magrão” nos comícios da campanha pelas Diretas Já.
Quis o destino que Sócrates deixasse o planeta bola no domingo em que o Corinthians se sagrou campeão, pentacampeão brasileiro, num campeonato pra lá de emocionante.
Com o doutor, morre um pedaço da história do final dos anos 70 e dos 80, não só do futebol brasileiro, como da vida do país em geral e das Copas do Mundo.
Não dá para não se emocionar com a perda dessa figura desengonçada, que fez o improvável, brilhar em competições de ponta sem ser um atleta padrão – aliás, um jogador que lutava pelos seus direitos e os dos outros também.
Um craque singular. Como não se faz mais. Valeu, doutor, por ter vivido os seus 57 anos. Continuar lendo “Doutor Sócrates”→