1998: minha “estreia” em Copas

Fui à Copa do Mundo de 1998, na França, como turista.Aliás, um dos milhares de brasileiros que compraram pacotes para ver jogos do Mundial e, chegando a Paris, descobriram que iam ficar a ver navios na partida inaugural, Brasil x Escócia. Estava formado o movimento dos sem-ingresso. Alguns poucos pagaram centenas de dólares a cambistas para ver a estreia da Seleção, no imponente Stade de France. Não me arrisquei. Acabei vendo o primeiro tempo num telão, numa área externa do Stade de France, ao lado de poucos brasileiros – e milhares de escoceses. Mico total. Pressentindo que aquele relativo clima de confraternização poderia mudar radicalmente em caso de alguma eventual provocação, preferi assistir ao fim do jogo no hotel (depois de muita briga, as empresas picaretas acabaram entregando ingressos para Brasil x Marrocos e Brasil x Noruega, mas o estrago já estava feito). Fiquei com tanta raiva de viajar para França e acabar vendo o jogo pela TV que no dia seguinte peguei um TGV e me mandei para Bordeaux.
Consegui comprar um ingresso na porta do simpático estádio Parc Lescure, que lembra vagamente o Palestra Itália, em São Paulo, gramado perto da torcida.
Num 11 de junho como hoje, Itália (vice-campeã em 94) e Chile jogaram pelo grupo B. De uniforme branco, a Squadra Azzurra saiu na frente. Contra-ataque veloz italiano: passe de Baggio para Vieri. Gol. 1×0. A seleção treinada por Cesare Maldini recuou demais. Parecia meio óbvio o que ia acontecer. Não deu outra. O Chile, que tinha os ídolos Ivan Zamorano e Marcelo Salas no ataque, chegou ao empate no finzinho da 1ª etapa. E virou na segunda. Dois gols de Salas. A Azzurra ganhou um pênalti nos últimos minutos. Quem se preparou para bater. Roberto Baggio. Justamente o responsável pelo último lance da copa anterior: aquele pênalti isolado sobre o travessão de Taffarel (“é tetra, é tetra!”). Desta vez, Baggio acertou a rede. 2×2. Repare na tristeza do narrador da TV chilena neste vídeo com os melhores momentos (link aqui).
O que achei muito curioso: apesar de a Itália ser vizinha da França, a torcida chilena me pareceu mais numerosa e muito mais barulhenta naquela tarde de Copa em Bordeau. “Chi-chi-chi, Le-le-le”.
Jogaço, cheio de estrelas do futebol nos anos 90. Devo dizer que foi difícil segurar a emoção de estar ali, por tudo o que tinha rolado de sacanagem com turistas brasileiros, sim, mas principalmente por ver pela primeira vez uma partida de Copa do Mundo, in loco, 20 anos depois de começar a acompanhar seriamente um Mundial pela TV (o de 1978). O Chile (que tinha atletas que passaram por clubes brasileiros, como o goleiro Tápia e o meia Sierra) ficou em segundo lugar no grupo. Que azar. Pegou o Brasil de cara, nas oitavas. Show de Ronaldo Fenômeno, Rivaldo Maravilha e cia no Parque dos Príncipes, estádio do PSG, em Paris. 4×1. A Itália foi mais adiante, só caiu nas cobranças de pênaltis ante a futura campeã, a França, nas quartas de final.

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