Politheama. Chico Buarque e O Futebol.

Publicado em 10 de agosto de 2010

Capa do DVD Chico Buarque: O Futebol

Ele é um dos principais personagens do filme Uma Noite em 67, excelente documentário já lançado em DVD. O time de coração de Chico Buarque está na ponta do Brasileirão, contratou Deco, Belletti, trouxe Washington de volta, manteve Conca e Fred  – e ainda contou com o Dia do Fico de Muricy Ramalho. No oitavo DVD da série retrospectiva dirigida por Roberto de Oliveira, o cantor, compositor (e peladeiro nas horas vagas) Chico Buarque mostra sua paixão não só pelo tricolor, mas pelo futebol de modo geral. O nome do DVD é uma referência ao samba dedicado a Mané, Didi, Pagão, Pelé e Canhoteiro: O Futebol, de Chico Buarque, um dos camisas 10 da paquera futebol e música no Brasil. Ou melhor, camisa 9, de Pagão, ex-jogador do Santos, ídolo de Chico – que o encontra num dos capítulos do DVD (ele também vê Pelé, Ronaldinho Gaúcho e os veteranos do Santos – que ganham do Politheama em amistoso na Vila Belmiro. Politheama é o time de pelada de Chico, que herdou o nome de seu jogo de botão. Manda seus jogos no campo Vinicius de Moraes. E como diz o hino, o Politheama cultiva a fama de jamais perder – fora amistosos. “Alguns empates”. Fala sério, Chico!
E ele fala de uma maneira bem divertida de futebol, ao lembrar do Maracanazo de 1950 (tem áudio de gol narrado por Edson Leite), das idas ao Pacaembu… E ainda tem uma pá de músicas que de alguma maneira citam futebol, como Conversa de Botequim (Noel Rosa/Vadico), E o Juiz Apitou (Antonio Almeida/Wilson Batista) Doze Anos (com Moreira da Silva), Pelas Tabelas, Bom Tempo (com Toquinho) etc. Para estufar o filó, mesmo.

Copa de Filmes: as escolhas de Ricardo Drago, do site “Meu Time de Botão”.

A cena do pênalti “mandrake” do “juizão” vivido por Otávio Augusto está entre as melhores do filme “Boleiros”

Trila o apito o árbrito. “Abrem-se as cortinas e começa o espetáculo, torcida brasileira” [(C) Fiori Gigliotti]. Terceira jornada desta copa virtual de cinema. Agora, quem dá a bola -digo, as dicas de filmes de futebol- é o são-paulino Ricardo Drago, do democrático site Meu Time de Botão. No site Canelada, escreve sobre Futebol Europeu.

Documentário nacional: “Inacreditável -A Batalha dos Aflitos e Pelé Eterno, de Anibal Massaini Neto”.
[N da R: em Inacreditável – A Batalha dos Aflitos, o diretor Beto Souza mostra a trajetória do Grêmio na série B do Brasileirão 2005, que culminou com o célebre jogo contra o Náutico, nos Aflitos. Dá pra ver o trailer aqui também.]


Documentário estrangeiro: “Argentina e sua Fábrica de Futebol, de Sergio Iglesias” [dá para ver um trailerzinho aqui. Numa pesquisada no You Tube, percebo que os hermanos fazem muitos “documentales” sobre “fútbol”].

Ficção nacional: “Boleiros – Era Uma Vez o Futebol, de Ugo Giorgetti” [que elenco! Otávio Agusto, no hilário papel de juiz ladrão, Lima Duarte, o técnico linha dura, Rogério Cardoso, Cássio Gabus Mendes, Adriano Stuart, Flávio Migliaccio, Marisa Orth, Denise Fraga. Disponível em DVD da Paris Filmes. Há uma edição que inclui Boleiros 2 – Vencedores e Vencidos]

Ficção estrangeira: “A Copa, de Khyentse Norbu” [boa lembrança, Ricardo. É uma produção do Butão. O diretor, um lama budista, conta o esforço de um jovem monge fanático por futebol para ver a Copa do Mundo de 1998. Passou nos cinemas, saiu em vídeo, DVD, mas não sei se está em catálogo.]

Curta-metragem nacional/ficção: “Uma História de Futebol, de Paulo Machline [Antonio Fagundes é o narrador, o menino Zuza, companheiro de pelada do rei do futebol, que lembra as façanhas do menino Pelé (então Dico, como é chamado até hoje em família) nos campos de terra de Bauru. Sensível roteiro de José Roberto Torero, Paulo Machline e Maurício Arruda. Bela fotografia de Lito Mendes da Rocha. Veja Uma História de Futebol e a lista de prêmios no site Porta Curtas]

Curta-metragem nacional/documentário: “Loucos de Futebol, de Halder Gomes” [documentário sobre futebol cearense, com ênfase nas torcidas e na rivalidade entre Leão e Vovô, Fortaleza e Ceará, que fazem o Clássico Rei].

Taí a excelente lista de filmes de futebol preferidos do Ricardo Drago, do site Meu Time de Botão.

Ainda hoje, as dicas cinematográficas/boleiras de Sérgio Duarte, do programa Rock Flu. No fim de semana, os favoritos de Mário Marra, comentarista da rádio CBN, do Blog do Marra.

Confira nos posts anteriores as escolhas do crítico Luiz Zanin, do Estadão, e as dicas do Fut Pop Clube. Bola na Tela é aqui!

“Todos os Corações do Mundo”

Cartaz original do filme da Copa de 94

Romário, Bebeto, Baggio, Stoichkov, Brolin, Bergkamp, Hagi, Taffarel, Preudhomme (considerado o melhor goleiro da Copa), o fanfarrão Ravelli, um jovem Larsson, cabeludo, Maradona (até ser suspenso por causa de exame antidoping). Craques de montão, uniformes “classe” (Brasil vestiu Umbro), estádios grandes e lotados (maior média de público das Copas até hoje!), jogos emocionantes. O filme oficial da Copa 94, “Todos os Corações do Mundo / Two Billion Hearts“, é tão bom assim ou o Mundial disputado nos Estados Unidos foi muito, muito melhor do que o de 90, na Itália? Provavelmente as duas opções. “Todos os Corações do Mundo”, dirigido pelo cineasta Murilo Salles, com muitos outros brasileiros na equipe, é o melhor dos filmes oficiais das Copas. Está no DVD da Coleção Copa do Mundo Fifa, que a Abril distribuiu em bancas, com a capinha tradicional da série (veja trailer aqui).
Em vez de contar a Copa jogo a jogo, o roteiro de “Todos os Corações do Mundo” opta por destacar Seleções e seus craques: Argentina de Maradona, a Romênia de Hagi, a Bélgica de Preudhomme, a Bulgária de Stoichkov, a Itália de Baggio, o Brasil de Romário. Ângulos diferentes, replays, trilha sonora que aumenta a dramaticidade do mata-mata, a festa do torcedor ajudam a fazer do filme da Copa de 94 um grande documentário sobre futebol.
Tem brasileiro que nem gosta de contar esse título, o do “É tetra! É Tetra”. O que chega a ser absurdo. Ok, o estilo da Seleção, num 4-4-2 caretinha, não encantou – e perde em popularidade para o “dream team” de 1982, que não voltou com a taça, infelizmente. Mas para o baixinho dar show, havia um esquema azeitado. Está na hora de valorizar essa conquista como ela merece. De modo geral, o Mundial 94 foi muito melhor do que o da Itália 90. E o resultado final foi bem melhor, não?
A CAMPANHA DO TETRA Continuar lendo ““Todos os Corações do Mundo””

Copa 78

A Mostra Cinema e Futebol (do Canal Brasil) e os DVDs da Coleção Copa, de Placar/Abril, me deram a oportunidade de acompanhar duas versões distintas sobre o polêmico Mundial de 78, na Argentina, o último na América do Sul até que a bola role sabe lá em que estádio brasileiro no inverno de 2014. “Copa 78: O Poder do Futebol” passou no começo da semana no Canal Brasil. “Argentina Campeones”, título original do filme oficial da Copa de 78, chegou às bancas na coleção de DVDs da Abril. E o engraçado é que nos créditos alguns nomes coincidem, como o do diretor Maurício Sherman, bem como muitas das imagens são as mesmas. Mas o texto… ah, o texto é bem diferente.
O DVD lançado pela Abril, que é o filme oficial da Copa, mostra o torneio jogo a jogo, começando com um clip de lances … bem violentos! Sim, é mencionado que o Mundial foi disputado num país sob ditadura, junta militar que derrubou Isabelita Perón.
Mas é o documentário “Copa 78: O Poder do Futebol”, exibido no Canal Brasil, que toca mais o dedo na ferida do Mundial disputado durante a ditadura de Jorge Videla. Abre com o depoimento de um dirigente dos Montoneros (grupo guerrilheiro argentino) a um jornalista, falando em trégua no período da competição. Cita os boicotes, as campanhas contra o Mundial na Argentina. E no que diz respeito ao futebol, bola rolando, mesmo, Sherman e o codiretor Victor di Mello assumem uma postura autoral, bem crítica ao esquema tático e “futebolês” próprio do técnico brasileiro Cláudio Coutinho – o texto, narrado pro Sérgio Chapelin, dá umas duas estocadas nos termos “overlapping” (avanço do lateral direito) e “jogador polivalente”, muito usados por Coutinho. A entrevista em que o treinador se diz “campeão moral” é repetida algumas vezes. O técnico argentino César Luís Menotti, homem que teve a marra de barrar o jovem Maradona naquela que poderia ser 1ª Copa de Diego, tem destaque maior no filme. Sempre polêmico.
Também estão no documentário “Copa 78: O Poder do Futebol” a chamada “batalha de Rosário” (o vergonhoso Brasil 0x0 Argentina – Coutinho escalou o volante Chicão, que tinha fama de durão; o clássico foi um festival de pontapés) e a goleada da Argentina sobre o Peru do goleiro Quiroga por 6×0 (os hermanos jogaram depois do Brasil e já sabiam quantos gols precisavam marcar para ir à final).
Pessoalmente, a Copa de 78 foi a primeira que acompanhei de ponta a ponta, na TV. Apesar de nomes como Zico, Rivellino, Dinamite, Reinaldo, Oscar, Leão, Nelinho, Jorge Mendonça, Dirceu e Gil, a seleção brasileira não me encantou especialmente (a primeira fase, então, foi pífia). Não torci contra a Argentina na final, apesar do resultado suspeito contra o Peru. Fui exceção entre os meus colegas de quinta série. Quase todos os outros coleguinhas de sala torceram pela Holanda, certamente não em protesto contra a ditadura argentina, mas para secar o time que eliminou o Brasil. Se eu fosse maiorzinho, teria conhecimento sobre o que acontecia nos quartéis argentinos. Muito provavelmente teria optado pela Holanda (se bem que duvido que não festejasse o tri brasileiro em 1970 porque vivíamos sob uma ditadura – outro filme, o delicioso “O Ano Em que Meus Pais Saíram de Férias”, aborda esse dilema de torcedor/cidadão). Continuar lendo “Copa 78”

Palmeirense, vista a camisa do Verdão e vá ao cinema.

Um Craque Chamado Divino – Vida e Obra de Ademir da Guia é uma das atrações deste domingo no CineFoot, Festival de Cinema de Futebol, no Rio (cinema Unibanco Arteplex, Praia de Botafogo) – o curta “O Primeiro João” também está na sessão das sete. Dirigido por Penna Filho, o doc existe em DVD da Europa Filmes. Quando eu comecei a acompanhar futebol, Ademir da Guia era um dos grandes craques com o 10 às costas, ao lado de Pelé (já no Cosmos), Rivellino (já no Flu), Pedro Rocha (Sâo Paulo) etc etc etc. No filme, é o grande verdugo tricolor, Celeste e do Peñarol, quem conta: no Uruguai, os boleiros não entendiam como Ademir da Guia não era convocado para a Seleção Brasileira. Na Copa de 1974, foi… mas começou jogando apenas na decisão do 3º lugar contra a Polônia (e ainda foi sacado por Zagallo). Perdemos.
Como acontece na maioria dos documentários sobre futebol, é um prazer ver ou rever gols que ficaram na memória dos estádios. Um Craque Chamado Divino tem um monte de lances, inclusive uma reportagem espanhola com áudio original do Troféu Ramón de Carranza, em Cádiz, 1972. Palmeiras tri, depois de vencer Zaragoza e Real Madrid. Aliás, o próprio Da Guia lembra: em 72, o Palmeiras ganhou torneio Laudo Natel, esse Ramón de Carranza e os campeonatos Paulista e Brasileiro! Quatro das 43 conquistas do Divino pelo alviverde. E por que ele tinha esse apelido? Continuar lendo “Palmeirense, vista a camisa do Verdão e vá ao cinema.”

Filmão sobre João Saldanha

“João” foi lançado em DVD. E pode ser visto no canal Now.

Texto originalmente publicado em 28 de maio de 2010

Cena 1: a Seleção Brasileira treina no campo da Gávea, cercada de torcedores e sem cobrança de ingresso. Você não viu isso esta semana, claro. É uma imagem de arquivo de uma das primeiras convocações da seleção que disputaria as Eliminatórias da Copa de 70, tendo João Saldanha como treinador. Cena 2: a Seleção Brasileira é recebida no Palácio do Planalto, em Brasília, pelo presidente da República. Não a imagem desta semana, com Lula. A Seleção voltava de uma Copa com a taça de campeão do mundo. Também não se trata da festa de 2002, com FHC no poder, tão lembrada esta semana (cambalhota de Vampeta etc). Mas a visita de 1970. Na volta do México, Jules Rimet conquistada definitivamente, os tricampeões do mundo tiveram que visitar o Palácio, onde mandava Médici. O capitão do tri, Carlos Alberto Torres, aparece na mesa do ditador. Constrangido, pelo jeito. De onde se pode concluir: seja qual for a cor do governo, vermelho do PT, azul dos tucanos ou verde-oliva da ditadura militar, o futebol sempre foi/é/será usado pelos políticos, em especial a seleção nacional). As duas cenas de arquivo estão em “João Saldanha”, filmaço de André Iki Siqueira e Beto Macedo sobre a vida do “comentarista que o Brasil consagrou”: João Saldanha (com musiquinha!). Continuar lendo “Filmão sobre João Saldanha”

A Era Telê Santana

Neste 21 de abril (data das mortes de Tiradentes e Tancredo Neves), faz quatro anos que perdemos o mestre Telê Santana, o Fio de Esperança, ídolo das torcidas do Fluminense, Atlético Mineiro, São Paulo, entre outras, e de todo mundo que se encantou pela seleção brasileira da Copa de 82. Coincidência ou não, na sexta-feira, chega às bancas o 3º DVD da Coleção Copa do Mundo Fifa, da Abril. Exatamente o filme sobre o Mundial da Espanha, com sua, nossa, tragédia do Sarriá. Neste link aqui, dá pra ver trailer e folhear o dossiê em formatinho feito pela revista Placar.
A Era Telê na seleção (1982-1986)  é o tema de mais um papo da série Brasil nas Copas, tabelinha MemoFut-Museu do Futebol. Neste sábado, 24 de abril, o jornalista André Fontenelle, coautor do livro Todos os Jogos do Brasil, baterá bola com o advogado Marcelo Unti – membro do MemoFut e colecionador de futebol de botão e de escudos. Começa às 10 h deste sábado no Museu do Futebol. É bom chegar meia horinha antes para garantir lugar. O tema A Era Telê deve ser um dos mais concorridos. De tarde, o Museu faz sessões de vídeos sobre os mundiais.
Quem admira os times de Telê deve saber que está pronto um documentário sobre o mestre – subtítulo “Meio Século de Futebol-Arte“. As diretoras Ana Carla Portella e Danielle Rosa afinam  detalhes para a chegada do DVD às lojas. Continuar lendo “A Era Telê Santana”

2002: Família Scolari apresenta…

Publicado em abril de 2010

São Marcos, Cafu (“100% Jardim Irene”), Lúcio, Edmílson, Roque Júnior, Roberto Carlos; Gilberto Silva, Kléberson, Ronaldinho Gaúcho, Ronaldo Fenômeno, Rivaldo Maravilha e grande elenco em… Seven Games from Glory. Astros especialmente convidados: Oliver Kahn; seleção da Turquia. Coreia do Sul e a “massa de tomate”. Senegal. Juízes trapalhões contra Itália e Espanha. Participações especiais (pontas) de Zidane e da Argentina. Seven Games from Glory é o nome do filme oficial da Copa do Mundo de 2002, o segundo DVD da coleção da Abril nas bancas. Neste link, você pode conferir o trailer e “folhear” virtualmente o Dossiê preparado pela revista Placar. Eu me apressei em conferir se não se tratava do mesmo DVD lançado pela Placar após a conquista do penta, em 2002. Pode ficar tranquilo. Não, não é.  É o filme mesmo. Vem com 2 extras: perfis de Rivaldo e do alemão Matthaeus. E um top 10 gols de finais das Copas. Leia também: DVD México 1970.

“Zico na Rede”

zico 2
Foto: Divulgação DVD "Zico na Rede"

Eu quero ver gol. Se você pensa como a música do Rappa,  o documentário Zico na Rede é uma boa pedida. O doc de Paulo Roscio tem 170 dos 831 (!!!) gols de Zico, muitos deles comentados, analisados, explicados. E é cada golaço… O mais bonito, para o próprio Galinho de Quintino, é o tal do gol escorpião(veja!), pelo Kashima Antlers, do Japão: Zico passa da bola, dá um peixinho e, de calcanhar, encobre o goleiro.   Continuar lendo ““Zico na Rede””