Dica de leitura: “Guardiola Confidencial”.

3-4-3? 4-3-3? 4-1-4-1? Para Pep Guardiola, essas nomenclaturas de sistemas táticos de futebol são como números de telefone. E o treinador odeia a expressão tiki-taka, ficar tocando a bola apenas por tocar. Quer ganhar, sempre, e do seu jeito de jogar futebol. No livro
10984102_894088160627793_2447121546588417667_nGuardiola Confidencial (Herr Pep, na premiada versão original),  o jornalista Martí Perarnau conta que o treinador catalão atirou no lixo um jornal que destacou uma declaração de Lotthar Matthaus (“o tiki-taka chegou à Bavária”). Martí Perarnau mergulhou na primeira das três temporadas de Guardiola no comando do Bayern, teve acesso total aos treinos e bastidores, em troca do compromisso de só revelar depois que a temporada 2013-14 acabasse. “No livro, você pode escrever tudo o que ver e criticar tudo o que quiser, mas durante a temporada não conte fora o que descobrir dentro do Bayen”, disse Guardiola. Em 2015, o livraço de Perarnau ganhou edição brasileira por uma nova editora, a Grande Área. O título aqui é Guardiola Confidencial. 408 páginas, R$ 44,90. A primeira era Guardiola começou no Barça, temporada 2008-09, e o começo foi difícil. O Barcelona perdeu do Numancia, empatou contra o Racing Santander e, como Perarnau conta, chegou a Gijón na corda-bamba. Guardiola usou Messi como um falso 9. Goleou o Sporting de Gijón por 6 a 1 e arrancou pro primeiro título do Pep Team. Com Messi de falso 9, o Barça também goleou o Real Madrid em pleno Bernabéu, por 6 a 2. Também tinha um ataque muito bom, com Eto’o de um lado e Henry do outro. Santistas não devem gostar nem de lembrar que o ponto alto do Pep Team, que segundo o próprio Guardiola, foi a final do Mundial de Clubes 2009, naquele 4×0 sobre o campeão da Libertadores.

Mas o Bayern de Guardiola não é um “Barça 2.0”. A Bundesliga é o campeonato dos contra-ataques e Perarnau enfatiza o choque cultural que Pep enfrentou. Não por causa da língua. Mas por causa do idioma do futebol. A começar pelo espanto com a alimentação do elenco. Mandou contratar uma nutricionista. O time de Munique sofreu muito com contusões e, nos momentos decisivos, Pep ainda teve que enfrentar uma perda emocional: a morte do amigo Tito Vilanova, que no Barça foi seu braço direito e sucessor.

Na temporada de imersão do jornalista em Säbener Strasse, o centro de treinamento do Bayern, o gigante vermelho papou um Mundial de Clubes, uma Supercopa, uma Bundesliga e uma Copa da Alemanha. Dançou nas semifinais da Champions League, contra o Real Madrid, que massacrou o Bayern na Allianz Arena de Munique. O que deve doer na alma de Pep, da torcida do Bayern e na turma do contra até hoje.

Mas a história de Guardiola no Bayern só termina no meio do ano. Conseguirão o treinador e o time campeões de tudo enfim levantar juntos a sonhada copa orelhuda?

Termino o texto com uma frase de José Saramago que Guardiola gosta, citada no livro de Perarnau:

A derrota tem algo positivo, nunca é definitiva. Em contrapartida, a vitória tem algo negativo, nunca é definitiva” – José Saramago.

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