Reportagens de TV, transmissões e, especialmente, uma crônica do Arthur Dapieve no Segundo Caderno do jornal O Globo já tinham chamado a atenção para a atmosfera ‘futbolera’ de Selhurst Park, o estádio do Crystal Palace, “o número 1 do Sul de Londres” para a torcida red and blue. Ele tem jeito de estádio antigo e hoje comporta umas 26 mil pessoas, grudadinhas ao gramado.
No fechamento da rodada #29 da Premier League 2017-18, o torcedor do Manchester United cantou por último no ninho dos “eagles” londrinos. Mas o torcedor do Crystal Palace, se ficou com gosto que tomaram o doce da mão dele, não pode reclamar que não houve luta do seu elenco – muito mais humilde do que o do clube de futebol mais rico do mundo.
O Crystal Palace (também conhecido pelas iniciais, CPFC, pelo apelido “eagles”, pelas cores, red and blue) saiu na frente no primeiro tempo, com um golaço de Townsend, sem chance de defesa para De Gea. E o primeiro tempo foi isso: Pogba tentando, tentando, tentando…
No segundo, a partida pegou fogo. Mourinho começou a usar seu poderoso banco, primeiro Rashford, que já melhorou muito o visitante. Mas num contra-ataque, o Palace marcou o segundo, com o holandês Patrick van Aanholt.
O United diminuiu logo depois, Smailing. Mais qualidade no time de Manchester, Juan Mata no lugar de Ashley Young (que não teve paz com a torcida do Palace). Luke Shaw no de Valencia. Pressão total. Muito jogador bom. Pogba, Mata, Alexis Sánchez, Lukaky, Rashford… Num bololô na área, o tanque belga Lukaku empatou o jogo.
Aí foi a vez de David De Gea provar que está no Top 5 da posição, seguramente. Impediu o terceiro gol do time azul e vermelho.
This is Manchester UNITED! 🔴 pic.twitter.com/1pjVx1wl3e
— David de Gea (@D_DeGea) 5 de março de 2018
Nos acréscimos, do meio da rua, Matic marcou um golaço e decretou a virada. Manchester United volta ao segundo posto. E aí, tome “Glory glory, Man United…”
Palace está em décimo-oitavo, na briga contra o rebaixamento.
Como lembrou o Ramón, no último jogo em casa, o Crystal Palace também perdeu gol no finalzinho. Kane – HurryKane- marcou para o Tottenham Hotspur.
The Eagles lose in the last minute against Man Utd #CRYMUN
Read the report 👉 https://t.co/A6xI58N0tO pic.twitter.com/8uZskpSzBC
— Crystal Palace F.C. (@CPFC) 5 de março de 2018
Pra chegar ao estádio do “South London number one”, passei por uma pequena gincana. Metrô até a estação Victoria, trem da Southern em direção a Caterham, parada em Selhurst. Só tive certeza que estava no vagão certo (não tô falando do trem, não, tô falando do vagão, mesmo) quando notei alguns passageiros com cachecóis do Crystal Palace enrolados no pescoço. Na entrada, algum problema com o meu ingresso, logo resolvido.
Mas valeu a pena.
Casa cheia, todos os ingressos vendidos, um certo clima de tensão, torcidas próximas bem na tribuna que eu fiquei, Arthur Wait Stand. E no meu setor, ninguém ficou sentado. Os caras cantaram e xingaram o jogo todo… bem, até o gol da virada do Man United, um banho de água fria. Coisas como:
C-P-F-C! C-P-F-C!
South London number 1, you know it’s true, red an blue
Let’s go, Palace!
O ê o ê, Eagles
Bem, nunca ouvi tanto palavrão nem em filme do Tarantino.
Todo stadium-goer deveria ter o direito de uma vez na vida conhecer este estádio raiz. O Palace tem um plano para remodelar e ampliar o Selhurst Park (para 34 mil pessoas), vamos ver se com a reforma esse ambiente de futebol raiz continua ou não. Aposto que sim!
- Trilha sonora: “South Bound”, do Thin LIzzy de Phil Lynott, ele mesmo um torcedor do Manchester United
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