
Já que o assunto do post anterior foi o livro sobre a rivalidade entre Barcelona e Madrid, recupero uma imagem que repercutiu bastante nos meios esportivos esta semana. O diário esportivo catalão “Sport” (que tem o barcelonismo explicitado em sua linha editorial) antecipou o segundo uniforme do Barça na temporada 2013-2014: uma camisa listrada, em amarelo e vermelho, as cores da bandeira da Catalunha – a “senyera” a que se refere a manchete do “Sport”, e descende da bandeira do Reino de Aragão – a partir do casamento dos reis católicos, Fernando II de Aragão e Isabela I de Castela, em 1469, começou o processo de unificação da Espanha.
A montagem da foto do capitão Puyol com o segundo uniforme do Barça para próxima temporada foi antecipada pelo “Sport” numa ocasião crucial, a véspera da “Diada”, a data nacional da Catalunha: 11 de setembro. A repercussão da camisa foi grande, e no dia D da “Diada”, os defensores da independência da Catalunha fizeram barulho, com grandes manifestações, certamente amplificadas por causa da crise econômica em toda a Espanha.
E se a Catalunha fosse independente, em que liga jogaria o Barça? Dificilmente teria adversários numa liga catalã. Certamente, não abriria mão do gostinho de tentar vencer (o) Madrid, na chamada “liga das estrelas”.
Em termos de Eurocopa e Copa do Mundo, teríamos duas boas seleções, Espanha e Catalunha, mas não com a mesma força da Espanha multicampeã de hoje. Isso sem falar nos desejos de separação de boa parte dos bascos.
Tenho impressão que a independência de catalães, bascos e talvez de outras comunidades autônomas pode até demorar, mas vai ser conseguida, mais cedo ou mais tarde. Tomara que se isso acontecer seja num processo democrático, com muita conversa e consulta aos moradores, sem jamais usar a violência com que Franco impôs sua ditadura.
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