
Quarta-feira, 28 de março de 2012. Edmundo, o “animal” (copyright: Osmar Santos), se despediu oficialmente do futebol, num amistoso em que o Vasco -que o revelou e onde parou- goleou o Barcelona de Guayaquil (9×1, 2 gols de Edmundo, fora a reboladinha), num “remake da final da Libertadores de 1998. Não faltaram títulos -e confusões – na carreira do genial e genioso camisa 7, que hoje foi nota 10:
- Campeão invicto do estadual do Rio em 1992
- Campeão do Torneio Rio-São Paulo 1993, já pelo Palmeiras
- Campeão paulista 1993
- Campeão brasileiro 1993
- Bicampeão paulista em 1994
- Bicampeão brasileiro 1994
- Copa América 1997 – pela Seleção Brasileira
- Campeão Brasileiro 1997 – pelo Vasco. Edmundo fez 29 gols, recorde do campeonato que só foi batido em 2003 (Dimba, do Goiás, 31 gols)
Todo mundo tem seus defeitos. Dentro do campo -que é o que interessa aqui-, com a bola no pé, no período entre 1992 e 1997, o “animal” foi um dos melhores do mundo. Boa sorte e felicidades para Edmundo, na continuidade de sua vida.
Dentro do post, republico as lembranças de um torcedor do Vasco e do Palmeiras, e consequentemente, um superfã de Edmundo: Luiz Reginaldo Lima, “irmão do blog”. O texto de Reginaldo sobre o “animal” foi publicado no meu blog anterior, em 2008:
EDMUNDO: o artilheiro dos clássicos
por LUIZ REGINALDO LIMA
7 de dezembro de 2008
Escrevo isso antes de saber os resultados da última rodada do Brasileirão 2008. Mas isso pouco importa , pois nada vai mudar minha opinião sobre Edmundo. Mesmo que ele perca um pênalti ou que faça três gols. A história desse cracaço do futebol brasileiro já está escrita e o seu legado é eterno, sobretudo pra palmeirenses e vascaínos.
Começo voltando ao Brasileirão 1992. Numa tarde ensolarada de domingo, lá estava eu com meus amigos vascaínos na arquibancada do templo do futebol assistindo ao maior de seus espetáculos: o Clássico dos Milhões. Eis que aos 8 minutos do primeiro tempo , após uma jogada espetacular do habilidoso time vascaíno, o recém promovido Edmundo, dá um corte espetacular em Gotardo e finalize com firmeza, abrindo o placar do clássico. Aquele era o primeiro Vasco x Flamengo que fazia Edmundo no professional. Começava ali uma bela história de gols e jogadas decisivas, que somente os craques são capazes de realizar, sobretudo nos momentos decisivos.
A carreira meteórica o levou rapidamente ao milionário Palmeiras-Parmalat , que dominou o futebol brasileiro em parte dos anos 90 e onde Edmundo ganhou tudo, sempre fazendo gols importantes como os que marcou contra o São Paulo e Vitória na reta final do Brasileiro 93. O Corinthians sempre foi uma vítima do talento do Animal: dois gols na final do Rio-São Paulo 93 e o golaço na final do Brasileiro 94.
Após esses três anos marcantes, Edmundo cometeu um erro estratégico e foi jogar no arquirrival Flamengo , com Romário e Sávio. A única coisa que o trio conseguiu foi virar tema de música de torcida adversária (diga-se de passagem, uma das mais criativas até hoje).
O Animal passaria ainda pelo Corinthians (ninguém sabe o que ele foi fazer lá até hoje), antes de seu retorno à Colina pra comandar a campanha memorável do Machão da Gama (como diz José Carlos Araújo) no Brasileirão 97. A final contra o Palmeiras fica até esquecida quando lembra-se da semifinal contra o Fla. Três gols de Edmundo, fora a comemoração inusitada após o terceiro (Júnior Baiano até hoje não entendeu nada).
A artilharia absoluta (29 gols em 28 jogos) o levou à Fiorentina de Batistuta, no ano em que os Viola mais se aproximaram do scudetto. Porém , uma contusão do Bati-Gol e uma ida do Animal ao Rio de Janeiro pra curtir o Carnaval, destruíram os planos de Cecci Gori e a reputação de Edmundo na Itália.
No meio disso tudo , houve a Copa de 1998, onde Edmundo chegava no auge, pra ser esnobado pelo conservador Zagalo que preferiu Bebeto e até mesmo Ronaldo pós- convulsão, antes de lançar Edmundo aos 30 e muitos do segundo tempo do massacre francês. Na seleção, ficam as memórias da Copa Umbro, onde ele brilhou junto a Sávio e Juninho Paulista, e a Copa América 97 na Bolívia.
Os anos se passaram e Edmundo jogou em vários clubes (Vasco duas vezes, Santos, Cruzeiro, Japão , Napoli), sem grandes feitos, mas sempre com competência. Mas, o que chamou a atenção de todos que acompanham o futebol foi a grande atuação do craque no Figueirense na fuga do rebaixamento em 2005, onde o Animal fez 18 gols que o levaram de volta ao Palestra Itália e mais tarde a São Januário , onde está até hoje.
Um craque é aquele que não se omite nos momentos decisivos. E poucos jogadores tiveram tanta capacidade de decidir como ele. Nos clássicos, ele sempre esteve presente. Nas estatísticas , deve ser um dos maiores artilheiros dos cássicos Vasco x Flamengo e Corintinas x Palmeiras, o que não é pra qualquer um.
Tenho certeza que não só vascaínos e palmeirenses concordam comigo, mas todos aqueles que apreciam o futebol bem jogado e com coração. O futebol brasileiro ficará carente desse tipo de jogador , com certeza. Por que você acha que jogadores como Edmundo, Romário e Túlio jogam até tarde e ainda fazem muitos e muitos gols e decidem jogos? Você acha realmente que esses “craques medianos”que desfilam nos gramados brasileiros hoje em dia, vão chegar aos trinta e muitos , fazendo o que esses caras fazem?
Vai tranquilo, Edmundo. Você é ídolo de uma geracão de garotos que cresceram, vendo seus dribles e golaços e as homenagens que você recebeu essa semana da nação cruzmaltina provam isso.
Leia também:
- Dica de livro: Os Dez mais do Vasco da Gama
Bela festa da torcida vascaina. Quando o clube dá valor a seus idolos e promove essas festas, o torcedor está sempre presente. Parabéns, Dinamite.
Curioso é que Edmundo foi tão ídolo no Palmeiras e a diretoria alviverderde nunca sequer pensou em algo semelhante. Bem, se lembrarmos que o Divino parou de jogar em 77 e teve a sua despedida em 83…..
Pois é, Reginaldo, estranho. Um dos meus amigos de corrida comentou que a despedida poderia ter sido num Vasco x Palmeiras, com Edmundo jogando um tempo com cada camisa. Poderia ser uma boa.
Mas não é só o Palmeiras. Até hoje, o Raí nunca teve jogo de despedida no São Paulo, apesar de sempre ser chamado para promoções. E ele parou há quase 12 anos!