Living Colour em São Paulo

Guitar hero: Vernon Reid. FOTO Stephan Solon / Via Funchal
Guitar hero: Vernon Reid. FOTO Stephan Solon / Via Funchal

O Living Colour tocou por mais de duas horas e meia em sua quinta passagem por São Paulo (corrigido pelo leitor Boris), na noite de quinta-feira, 15/10/09. Infelizmente, a pista da casa Via Funchal não ficou lotada. Bom para quem foi e curtiu o show sossegadão, com todo espaço para bater pé, cabeça, pescoço, dançar, pular e até fazer pogo. O quarteto chegou arrasando quarteirões pouco depois das 22h, com pauladas conhecidas dos fãs: “Middle Man”, “Time´s Up” e “Go Away”, com direito a citação de “Give It Away”, dos Chili Peppers (o Living Colour sempre gostou de covers em shows) e ainda “Sacred Ground” (outra pauleira, de um disco menos conhecido, o “Collideoscope”). Em seguida, uma pá de músicas do disco novo: “Burned Bridges”, rockão. “The Chair”, hipnótica combinação de paulada sem dó e efeitos eletrônicos. “Young Man”, boa candidata a single, em sua junção de rock e balanço. E outra nova de clima mais ou menos soturno: “Method” (será que é porque o novo disco saiu pela Megaforce, gravadora de metal?). Esse pacote de novidades quebrou um pouco o clima do show. Mas a banda recuperou o controle do público com uma espetacular versão de “Open Lord (To a Landlord)”, seguida do balanço de “Bi” (aquela que diz: “Everybody wants you when you´re bi” – de bissexual). Os solos do baixista Doug Wimbish e do baterra Will Calhoun merecem texto à parte.

Corey Glover, por Stephan Solon / Via Funchal
Corey Glover, em foto de Stephan Solon / Via Funchal

O Living Colour todo voltou ao palco pegando mais leve, com nova cover: “Papa Was a Rolling Stone”, balanço  Motown gravado e regravado por muita gente boa. Emendada com a pulsante “Glamour Boys”, um dos maiores sucessos do quarteto de NY.

Em seguida, o guitarrista Vernon Reid deu vazão ao seu lado virtuoso, em “Behind the Sun”, É a melhor canção do novo disco, “The Chair in the Doorway”. O guitar hero esbanja a técnica das duas mãos no braço da guitarra, algo que o Eddie Van Halen usava um bocado. Legal demais. Candidata óbvia a hit, tem vídeo no My Space da banda. Cool!

“Behind the Sun” lidera mais um bloco de novidades, seguida pela balada “Bless Those”, o peso de “Hard Times” e “Out of My Mind”.

Os caras pareciam estar se divertindo bastante no maneiríssimo trabalho. E a Via Funchal quase veio abaixo com “Elvis is Dead”. Entrecortada por um trecho de… “Hound Dog”!

Depois, uma versão esticada e pesadaça de “Type”, cartão de visitas do segundo disco da banda. “Stereotype… Monotype… Blood type… Are You My Type”? Lembrou?

Mais um hard rock dos bons: “Cult of Personality”, abre-alas do primeiro vinil (1988!) do Living, “Vivid”.  O áudio, que começou meio embolado, já permitia curtir os sons de cada instrumento.

No último bis, uma balada conhecida das passagens do L.Colour por aqui no começo dos anos 90: “Love Rears Its Ugly Head”. Vernon faz o solo quase blues – blues pesado, claro. Uma cover há muito presente no repertório do quarteto fundador do movimento Black Rock Coalition manda o pessoal pra casa com um senhor sorriso na alma e um zumbido no ouvido: clássico do Clash, “Should I Stay or Should I Go”.

Showzaço, aço, aço. O Living Colour tem muito peso, é rock pesado mesmo, sem dúvida nenhuma, mas continua flertando com outros ritmos, como punk, funk, soul, rap, eletrônica, jazz etc.

Vernon Reid tem espaço para esmerilhar na guitarra sem deixar o show chato e cabeça. E o vocalista Corey Glover? Pode até não ter o pique pra lá e pra cá no palco do começo dos 90, mas em termos de gogó, que é que interessa num cantor, continua dando show. Por vezes, o cara afasta o microfone quase meio metro e sua voz brilha.

Por falar na Black Rock Coalition e em blues, desse movimento participou um bluesman de NY, o guitarrista Michael Hill. Com seu grupo Michael Hill´s Blues Mob, ele esteve no Brasil (Bourbon Street) anos atrás. No disco de estreia do Blues Mob de Hill, um presente do Living Colour, “Soldier Blues” – autoria e canja de Vernon Reid na gravação de estúdio, presente no CD “Bloodlines” (ouça trechos), pela Alligator Records.

5 comentários sobre “Living Colour em São Paulo

  1. o show foi realmente muito bom!
    só uma correção, se me permitem: o Living Colour já veio 5 vezes ao Brasil.
    1992: Hollywood Rock (pra mim ainda o melhor show da banda em terras nacionais)
    1993: Palace
    e os últimos 3 shows no Via Funchal: 2004, 2007 e 2009.
    abraço!

  2. Triplo obrigado, Boris, pela visita, comentário e correção. Pemita-me dizer que gostei mais do show de 1993, no então Palace, superlotado, uma sauna! Se bem que os do Hollywood Rock 92, tanto no Pacaembu meio vazio, como na Apoteose do Rio lotadaça (ingresso mais barato) e este agora de 2009 também foram muito, muito bons!
    Valeu! Volte sempre!

  3. realmente, o pior show deles foi excelente 🙂
    é um prazer ajudar! voltarei sempre.
    abração

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